EDA
BEZERRA PINHEIRO
Vejo-te
tão pequena ainda! Tinha apenas doze anos. Havias deixado o Colégio
Sacré Coeur no Rio, e foste passar as férias em Pernambuco, em casa
de teus avós.
Lá,
num recanto lindo da praia, no meio de palmeiras, corrias com tua
prima para alcançar o mar, onde gostavas de nadar.
Mal
entraste na água, viste um grupo de crianças que se afogavam.
Ouço
ainda o teu grito:
—
Precisamos salvar as crianças!
Atiraste-te,
e tua prima, atrás. Enquanto ela retirava da água as mais próximas,
tu te atiravas para salvar as duas que estavam em maior perigo.
O
mar puxava forte naquela tarde e lutou contigo, mas tu o venceste e
trouxeste para a praia uma delas.
Voltaste
em busca da segunda, mas um redemoinho arrebatou-a e levou-a no seu
vórtice.
Ah!
Como lutaste! Tu, tão pequena e frágil!
E a
luta furiosa contra o redemoinho voraz começou. Mergulhavas e
aparecias com a criança agarrada ao pescoço, até que alguém te
atirou um salva-vidas...
A
criança agarrou-se a ele com sofreguidão e foi puxada com vida para
a praia.
E
tu, Eda?
Desapareceste
no redemoinho furioso que te levava e trazia num vi vem louco.
Por
fim, apareceu um moço que, amarrado pela cintura, se atirou para
salvar-te. Conseguiu trazer-te até a praia, quando teu coração —
oh! Que coração o teu — pulsava ainda.
—
Salvem a menina! Sinto seu coração bater fortemente — gritou o
moço.
Dois
médicos acudiram-te, mas era tarde. Já havia trocado tua vida pela
vida das duas crianças.
Não
sei o que se passou depois, porque o mar, que estava distante, não
me disse. Também, a brisa que fez agitar as palmeiras que rodeavam
aquele recanto lindo, naquela tarde triste, não chegou até aqui
para contar-me.
Mas
o que sei, Eda, é que as crianças do Brasil, que é também a tua
pátria, sabem a tua história e sentem um grande amor por ti, porque
foste uma heroína.
Contam
que o coração da pátria bate muito forte ao ouvir o nome de uma
pessoa que a tivesse tornado maior e melhor, e tu tornas melhor o
coração das crianças que te conhecem. Por isso, ao dizerem o teu
nome — Eda Bezerra Pinheiro — todos se calam para, em silêncio,
ouvirem melhor o pulsar do coração do Brasil.
HISTÓRIAS TIRADAS DO LIVRO AS MAIS BELAS HISTÓRIAS :
COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO: ENSINO DE PRIMEIRO GRAU, 3ª SÉRIE
ESCRITO POR LUCIA MONTEIRO CASASANTA. EDITORA DO BRASIL S/A. SÃO
Paulo 1973. EBSA –
MEC.
Estudei o livro As mais belas histórias, gostava de todas elas, tenho muitas saudades daquele tempo!
ResponderExcluirQue bom relembrar uma das histórias deste saudoso livro que marcou minha infância no início dos anos 60. Agora de manhã aqui em casa, do nada, me lembrei desse nome, cuja história me emocionou inúmeras vezes. Resolvi pesquisá-lo na internet sem muitas esperanças de encontrar alguma referência, e achei esse site. Agradeço a você, por me proporcionar de novo o privilégio de ler e relembrar uma das histórias que marcou muito a minha infância
ResponderExcluirQue bom relembrar uma das histórias deste saudoso livro que marcou minha infância no início dos anos 60. Agora de manhã aqui em casa, do nada, me lembrei desse nome, cuja história me emocionou inúmeras vezes. Resolvi pesquisá-lo na internet sem muitas esperanças de encontrar alguma referência, e achei esse site. Agradeço a você, por me proporcionar de novo o privilégio de ler e relembrar uma das histórias que marcou muito a minha infância
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