DE REPENTE UMA ESTRANHA LUZ COMEÇOU A ILUMINAR O CORAÇÃO DOS
HOMENS
Passo a passo ia Jesus subindo o Calvário, levando a cruz às
costas. Caminhava com dificuldade, esgotado pelos açoites e
sofrimentos infligidos durante a noite.
Numa curva do caminho, uma mulher, desfigurada pela dor, correu
os olhos pelo grupo alucinado. Deu com Jesus, e um gemido escapou de
seus lábios, enquanto saía a seu encontro:
── Meu Filho!
── Minha... Mãe! ── respondeu Jesus com uma voz que já
era um estertor.
Vendo que Jesus não agüentava mais o peso da cruz, o Centurião
mandou parar a marcha. Chamou Simão, o Cirineu, para ajudar a
carregar a cruz.
── Depressa! Gritaram os judeus.
Continuaram a subir. De repente, outra mulher cortou a multidão.
Fechando os ouvidos aos palavrões da soldadesca, aproximou-se
de Jesus e enxugou-lhe a face com uma toalha finíssima de linho e...
── Oh! Vede! ── gritou ela, enquanto suspendia a toalha, onde
o suor e o sangue haviam deixado a estampa do rosto de Jesus.
Os judeus gritavam impacientes:
── Adiante, adiante!
Dimas, o bom ladrão, seguia com sua cruz às costas. Ia mudo de
espanto e de dor, sabendo que estavam matando um justo.
Enquanto isso, o mau ladrão, atrás, praguejava.
Chegaram ao alto do Calvário.
Os soldados apressaram-se na crucificação.
Despiram Jesus e o fizeram deitar sobre a cruz. Enormes cravos,
batidos com violência, pelo martelo dos brutos, deixaram suas mãos
e seus pés bem presos ao lenho.
Ao mesmo tempo, foram crucificados o bom e o mau ladrão.
Os soluços de Maria se misturavam com os risos e o rumor das
vozes. As cruzes foram levantadas e fincadas no chão.
O mau ladrão continuava a praguejar, enquanto Dimas, olhando
para Jesus, lhe dizia:
── Senhor! Quando estiver no seu Reino, lembre-se de mim!
── Dimas, na verdade te digo, que hoje mesmo entrarás
comigo no paraíso, respondeu-lhe Jesus.
Aos poucos a multidão foi abandonando o Calvário, onde ficaram
Maria e algumas mulheres, João e algumas outras pessoas.
A voz de Jesus se ergueu, numa súplica:
── Pai! Perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem!
O sol brilhava, no alto, iluminando a velha Jerusalém e seus
arredores. Entretanto, densas trevas envolviam o coração dos
homens.
Jesus contemplando a Mãe que ia ficar desamparada e só,
disse-lhe, olhando para João, o discípulo amado:
── Mãe, eis aí o teu filho.
Depois disse, olhando para João:
── João, eis aí a tua Mãe!
Aos poucos, ia caindo a tarde, e o silêncio aumentava. Ouvia-se
o ruído das gotas de sangue que pingavam no chão seco e árido.
A fisionomia de Jesus já apresentava um palor de cera.
── Tenho sede! ── disse Ele.
Os soldados ergueram até seus lábios uma esponja ensopada em
vinagre.
O silêncio ia-se tornando apavorante no alto e nos arredores do
Calvário.
De repente, Jesus bradou em tão alta voz algumas palavras que
fizeram estremecer as pessoas presentes.
Logo depois, deixou cair a cabeça e exclamou:
── Tudo está consumado!
Olharam-no. Estava morto.
Nessa hora, as montanhas tremeram e racharam com estrépito,
deixando rolar, pelos abismos, grandes blocos de pedra, com o
estrondo que retumbava além. Os sepulcros se abriram e, de repente,
densas trevas envolveram a terra.
Entretanto,
naquela hora, uma estranha luz começou a iluminar o coração dos
homens.
HISTÓRIAS TIRADAS DO LIVRO AS MAIS BELAS HISTÓRIAS :
COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO: ENSINO DE PRIMEIRO GRAU, 3ª SÉRIE
ESCRITO POR LUCIA MONTEIRO CASASANTA. EDITORA DO BRASIL S/A. SÃO
Paulo 1973. EBSA –
MEC.
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