QUE DIABOS!
Dizem que, há muitos e
muitos anos, morava numa cidade bem distante da nossa, num país
chamado Alemanha, um alquimista muito esquisito — Fausto.
Fausto tinha fórmulas
misteriosas capazes de evocar os demônios mais estranhos.
Mas as portas de seu
gabinete de trabalham estavam sempre fechadas e lá ninguém
conseguia entrar.
Um dia, porém, Fausto
esqueceu-as abertas. Seu criados, muito curioso, entrou às
escondidas e resolveu fazer uma experiência.
Ah! Antes não a
fizesse! Abriu um livro cabalístico. Folheou-o. Escolhendo uma das
fórmulas, leu-a em voz alta.
No primeiro instante,
irromperam do chão, das paredes e do teto alguns diabinhos graciosos
e espertos, que, fazendo caretas, começaram a dançar ao redor dele.
O criado achou boa a
brincadeira, virou algumas páginas e leu outras fórmulas.
Logo sentiu um cheiro
forte de enxofre e ouviu um grande rumor de correntes e assobios
agudos, enquanto na sua frente apareciam alguns diabos grandes e
feios, horrivelmente feios.
Uns puseram-se a
puxar-lhe o nariz, outros a beliscar-lhe as orelhas e as pernas,
pondo-se depois todos a esbofetea-lo e aplicar-lhe rijos pontapés.
O infeliz servo, no
meio daquela tempestade de golpes, pedia socorro e procurava
defender-se inutilmente.
Ele sabia que havia
fórmulas destinadas a afugentar os demônios, mas — coitado! —
não era capaz de encontra-las.
Tirou, então, outro
livro da estande e abriu-o, ao acaso. Leu algumas linhas e uma outra
fórmula.
Ah! Uma porção de
diabinhos repugnantes e mal cheirosos vieram sobre o pobre infeliz.
Rodearam-no e cobriram-no de imundices.
O servo pôs-se, então,
a gritar.
Ao ouvir tais gritos,
e, sabendo de onde partiam, Fausto pôde adivinhar o que acontecia.
Correu, abriu a porta
do seu gabinete, entrou.
Ao deparar com a cena,
Fausto, pôs-se a contempla-la por momentos e, depois disse:
— Bem merecida a
lição! Aceite, agora, essas carícias e aspire esses perfumes que
mandou vir de tão longe.
Assim que achou
bastante o castigo, Fausto pegou de um livrinho e leu alto umas
fórmulas que afugentaram os demônios.
Com os olhos
esbugalhados de terror e as roupas em molambos, o servo desobediente
permaneceu ali por muito tempo, estirado no chão, mais morto do que
vivo.
Bem merecida a lição!
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