terça-feira, 6 de maio de 2014

MERECE SER LEMBRADO II -- O FECHADOR DE OLHOS


O FECHADOR DE OLHOS


Ninguém no mundo conhece tantas histórias como o Fechador de Olhos, e ninguém sabe contá-las tão bem quanto ele.
À noite, à hora em que as crianças se preparam para dormir, o Fechador de Olhos vem entrando devagarzinho. Sobe as escadas, pé ante pé, sem fazer barulho, porque o Fechador de Olhos só anda de meias.
Abre as portas de mansinho, e, então, joga uma areia fininha nos olhos das crianças para que elas fechem os olhinhos e não o vejam entrar.
Quando as crianças começam a cochilar, o Fechador de Olhos senta-se na beirada da cama.
O seu paletó furta-cor vai mudando do vermelho para o azul e para o verde, quando ele se move.
O Fechador de Olhos leva uma sombrinha em cada mão. Uma delas é forrada de lindas figuras. Quando o Fechador de Olhos a abre sobre a cabeça das crianças, elas começam a sonhar coisas muito bonitas e sonham a noite inteirinha.
A outra sombrinha é preta, e, quando o Fechador de Olhos a abre sobre as crianças, elas não sonham nada.
Uma noite, Henrique estava cochilando. O Fechador de Olhos entrou de mansinho no seu quarto. Sentou-se na beirada de sua cama e tocou nela com o seu mágico condão, e a cama começou a falar.
Na parede, em frente da cama de Henrique, havia uma gravura grande que mostrava um rio muito largo de águas muito azuis que corriam para o mar.
O Fechador de Olhos tocou no quadro com a sua varinha de condão. De repente os passarinhos começaram a cantar as folhas das árvores começaram a balançar e as nuvens a vogar no céu imenso.
Nas margens do rio, havia árvores e fores e um campo gramado se estendia até muito longe.
O Fechador de Olhos pegou Henrique e colocou seus pés na grama do quadro e lá ficou ele debaixo das grandes árvores.
Henrique correu para o rio e encontrou num barquinho que estava parado na margem. O barquinho era branco e vermelho e as suas velas eram de prata.
Seis cisnes brancos puxavam o barco, e Henrique começou a navegar no rio que cortava a floresta verde debaixo de um céu de flores. As árvores e as flores se inclinavam para Henrique e contavam histórias maravilhosas.
Peixinhos vermelhos navegavam atrás do barco, pássaros vermelhos e azuis voavam, acompanhado Henrique no seu barco de velas de prata.
As abelhas faziam zunzum e as borboletas voavam em redor.
O barquinho vogava debaixo das árvores copadas e fechadas e saía em jardins cheios de luz, cheios de flores.
Havia castelos feitos de cristal e ouro nos jardins.
Lindas princesinhas chegavam à janela do castelo para ver Henrique no seu barquinho branco e vermelho, de velas prateadas, puxado pelos cisnes brancos. Cada princesinha estendeu a mão a Henrique e lhe deu um coração de açúcar, quando o barquinho já ia embora e deu às princesinhas uma metade.
Henrique continuou a vogar em roda das florestas, das cidades e dos campos.
Ele foi longe, muito longe, foi até a cidade onde morava sua velha ama que o criara desde o dia em que ele nascera.
A velha ama cantou uma linda canção , e todos os passarinhos cantaram a mesma canção para Henrique.
As borboletas dançaram, as flores dançaram, e as velhas árvores curvaram suas copas até o chão.

Andersen (adaptação)


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