quinta-feira, 1 de maio de 2014

MERECE SER LEMBRADO II -- A LENDA DE SÃO JORGE


A LENDA DE SÃO JORGE


São Jorge era um guerreiro cristão.
Todos o conheciam, pois o viam passar sempre pelas ruas e pelos arredores de sua cidade, montado no seu cavalo de guerra, ricamente ajaezado, e vestido com suas armaduras reluzentes.
Um dia, andava São Jorge por uma praia deserta, quando viu uma mocinha aproximar-se. Parecia mais uma princesa.
A mocinha, muito pálida e triste, olhava aterrorizada para o mar.
São Jorge foi ao seu encontro.
Assim que o viu, a mocinha gritou:
— Fuja, moço! Fuja! Senão, morrerá também!
A moça era pagã. São Jorge logo percebeu isso e retrucou-lhe:
— Não! Não fujo! Deus quer que o forte proteja o fraco.
Nesse momento o mar começou a agitar-se de maneira estranha. As ondas levantavam-se a grande altura e um rugido seco e horrível começava a sair das águas revoltas.
São Jorge, ao ouvir gritos, partidos de longe, voltou a cabeça e viu uma multidão atrás dos muros da cidade.
— o dragão! O dragão! Grito a moça espavorida. Fuja, moço! Fuja! Esse dragão já matou dois exércitos e destruiu um reino de meu pai. Já devorou todos os rebanhos desta região. Ninguém resiste ao fogo que lhe sai dos olhos e das ventas.
O ruído, cada vez mais ia aumentando, e o mar se tornava agitado, levantando ondas cheias de espuma.
— todos os anos uma moça tem que ser entregue ao dragão, para que ele não vá sobre a cidade e devore as pessoas, continuou a dizer a mocinha, trêmula de pavor. Eu sou a princesa, filha do rei, e a sorte caiu em mim, desta vez.
Enquanto a princesa falava assim a São Jorge, o dragão saía do mar e avançava na direção deles.
Num movimento rápido, São Jorge tirou da lança e agarrou o escuto.
Ah! O monstro! Era terrível! Parecia uma enorme serpente com suas grandes asas e quatro patas com unhas agudas. A sua cauda, longa e terminada por um ferrão venenoso, enroscava-se em várias voltas. Deitando fogo pela boca e pelos olhos, o dragão voou para atacar São Jorge.
Mas o moço, com uma agilidade de espantar, deu-lhe um golpe tão forte que a lança se fez em pedaços.
Furioso, o dragão deu uma reviravolta e com uma rabanada derrubou São Jorge do cavalo, deixando-o quase desmaiado. Mal podendo suster-se de pé, São Jorge enfrentou ainda o monstro. Desembainhou a espada e enfiou-a debaixo de uma de suas asas. O dragão estremeceu e caiu por terra, dando um urro que fez estremecer as entranhas da terra.
São Jorge, a poucos passos do dragão, ajoelhou e rezou com fervor. Depois, voltando-se para a princesa, disse-lhe:
— tire o seu véu e ponha-o no pescoço do dragão. Ele não lhe fará mal algum. Leve-o, assim, ao mercado da cidade.
A princesa obedeceu.
O dragão segui-a passo a passo, manso como um cordeirinho. Ao vê-lo, a gente toda fugia espavorida, embora São Jorge afirmasse que o dragão não oferecia mais perigo. Guiado pela princesa, o dragão chegou à praça do mercado, onde uma grande multidão se refugiara.
São Jorge, usando o toca de sua lança, acabou de matar o dragão, com um golpe só.
A multidão, em delírio, o cercava e o aclamava.
— Fiz isso, para lhes mostrar que Deus pode tudo, porque foi pelo poder de Deus que venci o dragão. Espero que se convertam à religião de Cristo, que é a verdadeira.
Acabando de dizer isso, São Jorge desapareceu da vista de todos.
O povo caiu de joelhos em comovido pranto.
Era noite. A lua apontava por detrás das montanhas e, olhando-a, a multidão viu desenhada nela a figura de São Jorge, em luta contra o dragão.
Decerto São Jorge fugira para a lua, de onde espera o momento para descer, para defender, outra vez com seu escuto e sua lança a boa causa de Cristo.


HISTÓRIAS TIRADAS DO LIVRO AS MAIS BELAS HISTÓRIAS : COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO: ENSINO DE PRIMEIRO GRAU, 3ª SÉRIE ESCRITO POR LUCIA MONTEIRO CASASANTA. EDITORA DO BRASIL S/A. SÃO Paulo 1973. EBSA – MEC.

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