A ONÇA E A COELHA
I
A Onça andava
procurando uma ama para criar a filhinha. Apareceu a Coelha e disse:
— Eu soube que a
senhora está procurando uma ama para criar a sua filhinha. Então,
vim ver se a senhora me quer.
Respondeu-lhe a Onça:
— Pois sim,
entre e vá tomar conta da menina.
Entrou a Coelha para o
buraco onde estava a Oncinha e a ficou criando.
Todos os dias a Onça
vinha trazer comida para a Coelha dar para a filha. Depois de passado
algum tempo, a Onça pediu à Coelha que lhe mostrasse a menina.
A Coelha então foi e
mostrou-lhe. A bichinha estava magra que estava nos ossos, ao passo
que a Coelha estava gorda que nem podia andar.
A Onça, furiosa de
raiva, urrou:
— Ih! Coelha, não
quero mais Você
para tomar conta da menina, não. Pois se eu trago tanta comida todos
os dias, é para minha filha estar magra deste jeito e você gorda a
ponto de rachar? Saia, saia.
Porém a Coelha estava
com medo de sair, porque sabia que a Onça, zangada daquele modo, era
capaz de mata-la. Por isso, disse:
— Espere aí.
Deixe-me botar as minhas coisas para fora. Bote aí a minha cama.
A Onça, que estava
furiosa na porta do buraco, pegou a cama da Coelha e atirou-a longe.
— Tome esta arca.
E a Onça — zás! —
mato com a arca.
Dona Coelha continuou:
— Tome mais esta
trouxa; tome mais isto; tome mais aquilo.
Por fim, não tendo
mais nada que dar, juntou as orelhas e botou-as para fora do buraco,
dizendo:
— Agora tome aí as
minhas alpercatas.
A Onça, que já estava
cega de raiva, com tamanha amolação — vupe! — atirou-a bem lá
dentro do mato, pensando que fossem mesmo as alpercatas dela.
A Coelha, — perna
para que te quero? — entrou pelo mato adentro e num instante
desapareceu.
Toca a Onça a esperar
na porta do buraco que a Coelha saísse.
— Saia Coelha! —
Gritava furiosa.
A Coelha já estava
muito longe.
Então, a Maritaca, que
vira tudo do alto da árvore gritou:
— Saia, Você, Onça,
que a Coelha já saiu há muito tempo.
— Já saiu? Ah! Mais
hoje, mais amanhã e a Coelha me paga. Há-de ver, D. Maritaca. Há-de
ver!
HISTÓRIAS TIRADAS DO LIVRO AS MAIS BELAS HISTÓRIAS :
COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO: ENSINO DE PRIMEIRO GRAU, 3ª SÉRIE
ESCRITO POR LUCIA MONTEIRO CASASANTA. EDITORA DO BRASIL S/A. SÃO
Paulo 1973. EBSA –
MEC.
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