O FIM
Chegou a hora da minha
partida, Mãe; eu já vou partir.
Quando na escuridão
esmaecente da aurora solitária estenderes os braços para tua
filhinha na cama, eu direi: “A filhinha não está lá” — Mãe,
eu já vou partir.
Tornar-me-ei uma suave
aragem e te acariciarei; serei onda na água em que te banhares, e te
beijarei, e te beijarei.
Nas noites
tempestuosas, quando a chuva tamborilar nas folhas, ouvirás meu
sussurro em tua cama e pela janela aberta o meu riso entrará,
brilhando como o relâmpago, no teu quarto.
Se estiveres acordada,
pensando em tua filhinha até tarde da noite, cantarei para ti lá
das estrelas: “Dorme Mãe, dorme”.
Nos raios perdidos da
lua eu entrarei furtivamente por cima de tua cama e pousarei sobre
teu peito enquanto dormires.
Tornar-me-ei um sonho e
por entre tuas pálpebras deslizarei até às profundezas do teu
sono; e quando acordares e olhares em torno, espantada, eu voarei e
desaparecerei dentro da treva como o pirilampo que brilha e se apaga.
Quando, nos grandes
festejos de puja, as crianças dos vizinhos vierem brincar em volta
da casa, eu me dissolverei na música da flauta e palpitarei em teu
coração o dia inteiro.
A querida titia virá
com presentes de puja e perguntará:
— “Onde está a
nossa filhinha, irmã?”
Mãe, tu responderás
baixinho: “Está nas pupilas dos meus olhos, está no meu corpo e
na minha alma.”
Rabindranath Tagore
(tradução de Abgar Renault)
HISTÓRIAS TIRADAS DO LIVRO AS MAIS BELAS HISTÓRIAS :
COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO: ENSINO DE PRIMEIRO GRAU, 3ª SÉRIE
ESCRITO POR LUCIA MONTEIRO CASASANTA. EDITORA DO BRASIL S/A. SÃO
Paulo 1973. EBSA –
MEC.
Estudei nesse livro. Maravilhoso. Histórias e poesias belíssimas como essa (O Fim), que decorei quando estava no 3o. ano do primário e guardo até hoje. Obrigada por esse presente.
ResponderExcluirLindo. Decorei ele quando criança. Hoje, com 42 anos ainda me lembro.
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