O CAVALEIRO DAS FLORES
Era uma vez um conde
muito rico e poderoso. Como gostava muito de caça, tinha a serviço
grande número de caçadores que percorriam as suas florestas e lhe
traziam caça fresca todos os dias.
Ora, entre os caçadores
havia três que sempre andavam juntos e sempre voltavam com os sacos
cheios de caça. Mas tantas vezes foram caçar que por fim já muito
raramente encontravam corças e aves.
Um dia, depois de se
terem esforçado em vão durante muito tempo, dois deles mataram
algumas perdizes, porém, o terceiro não matou coisa nenhuma.
Quando se juntaram
todos três, os dois que tinham matado caça viram o companheiro tão
triste que o não quiseram abandonar e partir. Não desejando ele
também chegar à casa demãos vazias, combinou com os outros tentar
a sorte durante mais algum tempo, e entraram todos pela floresta
através de caminhos ignorados.
Encontraram árvores
tombadas e mataria espessa de folhagem densa, sempre em busca de
caça, e embrenharam-se tanto na floresta que se perderam no caminho.
Quando a tarde findou
viram-se completamente desorientados, e, não sabendo o que fazer,
decidiram passar a noite ao relento. Pensaram, então, com ansiedade
nos amigos de casa, os quais estriam certamente admirados com o que
lhes havia sucedido, pois até àquela noite sempre eles voltaram a
tempo, levando caça para a mesa do fidalgo.
No dia seguinte
esforçaram-se por encontrar o caminho, e andando sempre, andando
sempre, viram que a floresta se tornava cada vez mais aberta, com as
árvores cortadas à semelhança de um parque primoroso.
Continuado em seu
caminho, chegaram em breve a um lago formosíssimo, de águas claras
e mansas, isolado entre árvores antigas. Era cerca de meio-dia.
Bastante cansados, sentaram-se à sombra do arvoredo.
Subitamente escutaram
um forte bater de asas e, erguendo os olhos, viram um pássaro voar e
pousar num pinheiro não muito longe do lago. Oh! Que bonito pássaro!
Nunca nenhum dos três tinha deparado outro igual àquele!
Quando o terceiro
caçado o avistou no chão, aprontou-se para atirar, mas os
companheiros não o deixaram, dizendo:
— É talvez um
pássaro encantado. Vejamos primeiro o que ele faz por aqui.
Espreitemos escondidos, sem falar, sem dar o mínimo sinal de nossa
presença!
E ficaram quietos,
vigiando.
Algum tempo o pássaro
olhou em volta. Depois, dando três cambalhotas, transformou-se num
belo jovem, que saltou para o lago e brincou na água certa de uma
hora. Voltou em seguida para o lugar debaixo do pinheiro, onde a
principio tinha pousado, mudou-se novamente numa ave e alçou o vôo.
Os três caçadores
olhavam com espanto para tudo o que o pássaro fazia. Esperaram até
ele desaparecer, e partiram então à procura do caminho de casa.
Na outra extremidade do
lago depararam, enfim, um atalho, e seguindo por ele chegaram a
algumas aldeias que lhes pareceram conhecidas. No caminho o terceiro
caçador matou uma cabra montes e, continuando a jornada, encontraram
três amigos o seu domicílio ao fim do segundo dia.
Quando viram o Conde,
este lhes disse:
— Que vos aconteceu?
Onde estivestes? Que trouxestes?
Então eles contaram
que se tinham perdido na floresta e chegado a uma clareira perto dum
lago onde viram um pássaro encantado. E narraram o sucedido.
Admirou-se o Conde
grandemente do que eles lhe contaram, perguntou-lhes:
— Podem vocês
agarrar o pássaro e trazer-mo?
— Sim, replicaram.
Pensamos que sim. Mas deveis dar-nos duas garrafas, uma cheia de bom
vinho branco e outra de aguardente. O resto fica por nossa conta.
Deu-lhes o Conde as
duas garrafas, e no dia seguinte eles partiram de jornada. Agora que
sabiam o caminho, encontraram facilmente o lugar. Então pegaram em
duas cavilhas e fincaram-nas na árvore onde o pássaro tinha
pousado. Nelas dependuraram as duas garrafas, e esconderam-se depois
num canto escuro, onde permaneceram em silêncio.
Veio o pássaro, e
dando três cambalhotas virou homem. olhou em volta e os seus olhos
deram justamente com as garrafas. Curioso de saber o que continham,
pegou na de vinho e despejou um pouco do seu conteúdo, semelhante a
uma água amarelada. Provou e achou que tinha bom gosto, — tanto
assim que bebeu todo o vinho. Abriu em seguida a outra garrafa e
bebeu toda a aguardente.
Depois saltou para
água, nadou, saiu e fez-se pássaro. Quando, porém, tentou voar,
achou as asas muito pesadas, pois a bebida trabalhara dentro dele.
Assim, caiu desamparado no chão.
Por isto esperavam os
caçadores! Logo que o viram no chão fraco e sem alento, foram para
perto dele, atacaram-lhe as pernas e as asas e levaram-no ao Conde.
Tinha o Conde saído ao
seu encontro, ansioso por ver aquele raro e maravilhoso pássaro.
Ficou satisfeitíssimo! E deu-lhes um rico presente, de forma que os
caçadores foram alegres para as suas casas esperar trabalho.
Não satisfeito em ver
o pássaro, o Conde fechou-o num quarto muito forte, construído de
pedra, com barras de ferro na janela, tão bem fechado, tão bem
fechado, que não havia probabilidade de ele fugir. A chave do
quarto, guardou-a ele consigo, muito em segredo, para que ninguém
soubesse onde encontra-la.
Que espécie de pássaro
seria aquele? Para sabe-lo, convidou o Conde os sábios de todo o
mundo a vir à sua corte em certo dia, a fim de procurarem descobrir
a natureza e as particularidades dessa ave maravilhosa. E prometeu
recompensar nobremente que quer que lhe desse informação exata.
Ora, aconteceu que num
domingo, quando todos tinham ido à igreja, ficou sozinho em casa o
filho único do Conde, um menino de cerca de oito anos. Era um dia
magnífico de sol. O menino saiu para brincar no jardim, e seus
passos casualmente o levaram para junto do quarto onde o pássaro
estava fechado.
Vendo-o, através da
janela, o pássaro mostrou-lhe um brinquedo todo de ouro, e
disse-lhe:
— Meu querido menino!
Vê que lindo brinquedo eu tenho para te dar!
Quando o pequeno viu o
brinquedo, palpitou-lhe o coração de alegria. Aproximando-se,
pediu-lho.
— Deixa-me fugir
(disse-lhe a ave) que eu dou-to.
E vai o menino:
— De boa vontade eu
te deixava fugir, mas não sei onde está a chave desse quarto.
Ora, o pássaro era
encantado e sabia tudo. Retrucou ao pequeno:
Vai ao quarto do teu
pai, e debaixo da terceira almofada da cabeceira da cama encontrarás
a chave. Volta com ela e abre a porta.
O menino correu tanto
quanto as pernas podiam, achou a chave e abriu a porta.
O pássaro saiu e
deu-lhe o brinquedo, dizendo:
— Se algum dia
tiveres grandes contrariedades e precisares de auxílio, pensa em mim
que te ajudarei. Lembra-te do meu nome: eu sou o Cavaleiro das
Flores.
E voou, desapareceu.
Logo depois disto o pai
e a mãe voltaram, e o menino, segurando na mão o seu brinquedo de
ouro, correu a saúdá-los.
Quando o pai viu coisa
tão linda, pensou que tinha sido presente dos homens que haviam
chegado, — pois aquele era o dia estabelecido para a grande reunião
dos sábios de todo o mundo. Passeando ao lado do filho,
perguntou-lhe:
— Quem te deu esse
brinquedo de ouro?
— Foi o pássaro que
estava naquele quarto, respondeu a criança.
Ao escutar estas
palavras, o Conde, receoso, indagou:
— Como pudeste chegar
perto do pássaro e como te pôde ele te dar o brinquedo?
Então o menino contou
o que tinha acontecido. Contou como o pássaro lhe tinha falado pela
janela, prometendo-lhe o brinquedo se o pusesse em liberdade, — e
como lhe ensinar a o sítio onde estava escondida a chave da porta.
Ao ouvir semelhante
narrativa, o Conde zangou-se, desesperado pela perda de tão lindo
animal e pela vergonha que ia passar, pois já o pátio se encontrava
cheio de carruagens e não havia cavalariças que chegassem para os
cavalos, tantos eram os sábios que tinha acorrido ao seu convite.
Amargamente desapontado
e profundamente pesaroso, ficou irresoluto, sem saber o que fazer.
subindo para cumprimenta-lo, encontraram-no os visitantes andando de
um lado para outro, muito triste, muito triste. Perguntaram-lhe,
curiosos, a razão de tamanha tristeza.
— Ide primeiro comer,
— disse-lhes o Conde, — e em seguida vos contarei.
Quando acabou a
refeição, pediu-lhes o Conde que entrassem para o salão nobre e,
levando pela mão o seu filhinho inocente, narrou-lhes o que sucedera
e quão incomodado, quão desgostoso e envergonhado estava por
havê-los convidado inutilmente. Depois de lhes ter dito o que o
menino fizera, terminou:
— Agora, grandes
sábios, sentai-vos e julgai o meu filho, decidindo como deverá ser
castigado pelo aborrecimento que vos deu. Qualquer que seja a vossa
decisão, a ela desde já submeto.
E deixando o menino no
mio deles, atravessou para a outra extremidade do salão.
Começaram os sábios a
esbravejar, gritando todos ao mesmo tempo:
— Este menino merece
grandíssimo castigo!
Lembraram alguns que
ele fosse fuzilado; outros que fosse atirado ao mar; outros, que
fosse queimado vivo numa grelha; e outros, finalmente, alvitraram que
o fechassem numa prisão durante a vida inteira, por causa da grande
vergonha e contrariedade que tinha causado a seu pai, deixando fugir
pássaro tão precioso e tão raro.
Depois de discutirem
durante sete dias e sete noites, levantou-se um homem muito velho que
tinha estado tranquilamente a escutar toda aquela gritaria, e
disse-lhes:
— Amigos! Lembrai-vos
que este é o filho único do nosso hospedeiro, e que, se o condenais
à morte, o pesar de seus pais só aumentará com isso. Não é esse
o modo de o castigar. Concedei-lhe a vida. Entregue-lhe, porém, o
pai, três sacos cheios de ouro, ponha-o num carro vulgar guiado por
um cocheiro e mande-o correr mundo com ordem de não voltar para casa
sem trazer novamente o pássaro.
Ficaram todos muito
contentes com o parecer do velho, e o Conde ordenou então a um
cigano que atrelasse os cavalos a um carro. Deu ao menino três sacos
de dinheiro e disse-lhe:
— Vai buscar mais um
terno de roupa e um chapéu, e parte! Segue para onde os teus olhos
te levarem. E que Deus te abençoe.
Sentindo-se muito
triste ao ouvir tais palavras de seu pai, o menino começou a chorar
e lamentar-se, implorando que lhe batessem, que o castigassem, mas
que não expulsassem de casa, visto ser ele ainda pequenino, com oito
anos apenas.
Porém, a sentença
tinha sido aquela. Não poderia ser alterada, nem revogada. A criança
devia partir e confiar-se inteiramente ao seu destino.
Separaram-se os sábios,
indo cada qual para o seu país.
O Conde, esse ficou
muito triste pela perda do pássaro e mais ainda pela perda de seu
único filho, que partiu a correr mundo, dentro de um carro conduzido
por um cocheiro cigano.
A principio, o cocheiro
e ele foram muito camaradas um do outro. Depois, passado algum tempo,
o cigano começou a ficar contrariado e a odiá-lo. Um dia, quando
iam pela estrada afora, viu o uma pena de pássaro na relva, e disse
ao cigano:
— Pára o carro e
traze-me aquela pena, que é tão linda!
Com muita relutância,
o cigano desceu do carro, apanhou a pena e entregou-a ao seu
patrãozinho. Subindo novamente, conduziu os cavalos a galope,
murmurando: “Eu é que não serei mais escravo deste guri. Ele que
me mande outra vez sair do carro e apanhar uma pena... Deixa que nós
ajustaremos conta quando entrarmos lá adiante na floresta! Vou ser
como o velho Conde! Conduzirei meu próprio carro e terei ainda por
cima três sacos cheios de ouro”.
Ora, logo que o menino
pegou na pena, colocou-a atrás da orelha e imediatamente se tornou
encantado, pois a pena saíra do mesmo pássaro que ele havia posto
em liberdade. Assim, ficou logo sabendo o que o cigano queria
fazer-lhe. e enquanto iam andando disse-lhe:
— Ouve, cigano! Sabes
em que estou pensando?
— Se me disseres fico
sabendo, — replicou o cigano, cheio de raiva.
— É minha intenção,
— continuou o menino — dar-te uma destas sacas de dinheiro. Penso
que três é muito para mim.
Ouvindo isto, o cigano
ficou mais amável e refletiu consigo mesmo: “Agora, é diferente.
Primeiro ele tinha três sacas e eu nenhuma. Visto que já tenha uma,
acho melhor poupa-lo desta vez e não lhe fazer mal por enquanto”.
O filho do Conde sabia
o que se estava passando no espírito do cocheiro.
E assim decorreram os
dias, foram-se os meses sucedendo... e os anos vieram, lentamente.
Durante todo esse
tempo, o cigano foi tratado dos cavalos e servido o seu patrãzinho.
Por fim tornou a ficar aborrecido, e murmurou: “Não! Não me serve
de nada ter uma bolsa cheia de ouro, pois ainda estou sob as ordens
deste pequeno de quinze anos. Eu, um velho, — e ele, uma criança!
por que devo eu tratar dos cavalos? Por que devo eu ir sempre ao
mercado e trabalhar? Não seria muito melhor para mim viajar
confortavelmente sentado no carro, dando-lhe cocorotes na cabeça
quando ele não andasse direito? Esperarei a próxima oportunidade e
ajustarei contas com ele. Vou por fim a tudo isto!”.
O rapaz, que ainda
possuía a pena mágica, viu logo o que o cigano estava pensando e,
amedrontado, disse-lhe:
— Sabe qual é a
minha idéia?
— Se me disseres
ficarei sabendo, — rosnou o cigano, chio de mau-humor.
— Estou pensando, —
continuou o rapaz, — que como tu és velho e eu sou por assim dizer
uma criança, talvez fosse melhor eu tratar-te por “senhor” e
tratares-me por tu, sem cerimônia. Além disso, acho preferível que
fiques com duas bolsas de ouro e viajes confortavelmente sentado no
carro. Quanto aos cavalos
, tratarei deles, porque está ficando
cansado e eu estou ficando cada vez maior e mais forte.
— Boas palavras, —
replicou o cigano, louco de alegria. Isso agra-me muito.
Daí por diante o
rapazinho ficou sendo o cocheiro e o cigano passou a sentar-se no
carro, como senhor, ordenando isto e aquilo, tal como fazem os
patrões.
Viajando durante mais
ano e meio, chegaram a um reino distante, — um império.
Apresentaram-se
imediatamente ao Imperador, a fim de lhe pedir licença para entrar
no país e rogar-lhe, ao mesmo tempo, que lhes desse emprego na
Corte.
Quando o Imperador viu
o jovem, falando tão bem e olhando com tão lindos olhos, tomou-se
de afeição por ele e guardou-o ao seu lado com a intenção de o
considerar como filho, pois que não tinha nenhum. Possuía uma filha
formosíssima, porém, com medo de que ela fosse roubada por um
poderoso dragão que então havia, chamado Zemeu, conservava-a
fechada na torre de um grande castelo.
Mandou que o cigano
fosse para as cavalariças tratar dos cavalos. Assim deixou ele de
ser patrão e de dar ordens. Tinha muito que fazer na estrebaria,
enquanto que o moço vivia na Corte rodeado de sábios, levando uma
vida melhor e mais feliz do que levava em casa de seu pai.
Quando o cigano viu que
ele estava de novo reduzido à posição de moço de estrebaria,
enquanto que o filho do Conde, protegido pelo monarca, levava uma
existência de príncipe, quase enlouqueceu de desespero e de inveja.
— Oh! Doido que fui!
— murmurou. Bem que eu deveria de ter matado este guri. Doido que
fui! Ainda assim, não perdi as esperanças. Vou-me vingar! Vou dizer
ao Imperador que ele se gabou de ser capaz de roubar o cavalo de
Zemeu!
Se bem o disse, o
melhor o fez. Um dia, qunado o Imperador passava pelas cavalariças,
saiu ao seu encontro e, fazendo uma grande mesura, assim falou:
— Poderoso monarca!
Sabeis porventura de que feito se gabou perante mim o meu jovem
companheiro de antigamente?
— De qual foi!
— Garantiu que, se
Vossa Majestade quisesse, iria tirar do Zemeu o cavalo com que ele
intenta roubar vossa única filha.
E balbuciou a sós
consigo: “Agora é que eu vou ver se ele continuará a ser tão
feliz como dantes...”
Admirou-se o monarca do
que o cigano lhe contara, pois nunca supusera que o moço fosse capaz
de semelhante proeza ou de semelhante basófia.
A muitos valentes
cavaleiros pedira ele que empreendessem tal ação, mas todos se
haviam escusado, mesmo prometendo o imperador a mão de sua filha e
além disso metade do reino a quem se saísse bem do comedimento.
Logo que chegou ao
palácio, mandou chamar o moço e perguntou-se se tinha dito alguma
coisa ao cigano acerca do roubo do cavalo de Zemeu.
— Não senhor. Não
disse nada! Nunca tal coisa me passou pela cabeça.
O imperador, porém,
não se conformou com a negativa, e intimou-o a que cumprisse a sua
palavra.
— Tens de trazer-me o
cavalo do Zemeu. Senão, tua cabeça rolará onde teus pés pousam
agora.
Ao ouvir tão severa
sentença, o moço — coitado! — lamentou-se, e com razão...
— Pobre de mim! Que
hei de fazer? para onde hei de ir? Que meios possuo eu para ser bem
sucedido?
Não sabendo para onde
seguir, afastou-se do palácio e foi andando atoa pelas ruas afora,
até que, deixando atrás de si o povoado, se embrenhou numa densa
floresta.
Doíam-lhe os pés e
estava grandemente cansado. Pensou em deitar-se e passar ali a noite,
mas teve medo dos animais ferozes, que o despedaçariam sem piedade
se o visse. No entanto, apesar do medo e da fadiga sentou-se num
tronco tombado e principio a lastimar-se dizendo:
— Infeliz que sou!
Quantas desgraças se desencadeiam sobre mim! Oxalá nunca eu tivesse
soltado aquele pássaro, pois desde então é que os meus sofrimentos
se sucedem!
Enquanto assim se
lamentava, lembrou-se do prometimento da ave: “Se algum dia tiveres
grandes contrariedades e precisares de auxílio, pensa em mim que te
ajudarei!” Tão depressa lhe acudiram estas palavras ao espírito,
como logo — plaf! — surgiu ao seu lado o Cavaleiro das Flores.
— Que tens, amigo?
Por que te lamentas?
— Como não hei de
lamentar-me, ó Cavaleiro das Flores! Se me encontro diante de uma
dificuldade invencível?
E contou-lhe tudo o que
lhe ocorrera desde que saíra da casa de seu pai; o que sofrear com o
cigano, e o que o imperador lhe mandara agora fazer.
— Não tenhas receio,
bom moço! Basta apenas que sigas as minhas ordens para que tudo te
saia bem.
Dizendo estas palavras,
transformou-se o Cavaleiro numa ave, mandou-o montar em cima e
sumiu-se voando no ar, até que chegou à casa das Filhas do Sol. Aí,
mandou-o desmontar e esperar um pouco por ele.
Partiu então sozinho o
Cavaleiro das Flores, com o intento de roubar o cavalo do Zemeu. Ora,
o cavalo estava fechado dentro de uma estrebaria cercada de grandes
muros, com janelas gradeadas e fortes, e ninguém lá podia entrar,
porque o Zemeu tinha aporta guardada por terríveis serpentes
voadoras e a chave escondida do lado de dentro, pendurada num gancho
alto.
Quando a ave atingiu o
fim da sua jornada, deu três cambalhotas e virou mosca. Pôde,
assim, entrar pelo buraco da fechadura e esconder-se numa fendazinha
da parede.
Veio o Zemeu, tratou do
cavalo e, como fosse noite, saiu da estrebaria resolvido a ir-se
deitar.
Logo que ele se deitou,
saiu a mosca do buraquinho e, dando três cambalhotas, virou homem.
dirigiu-se então ao animal e pôs-lhe a mão em cima.
Assim que o cavalo
sentiu mão estranha pousar-lhe no pescoço, relinchou tão
fortemente que as árvores da floresta balançaram a léguas de
distância, e não só a estrebaria mas todo o palácio tremeu. Era
assim que ele fazia quando estanhos lhe tocavam.
Assustado, o Zemeu
acordou, acendeu a luz e foi ver quem tinha tocado no seu cavalo.
Contudo, entrando na
estrebaria, não viu ninguém. O Cavaleiro das Flores tinha-se
transformado em mosca e escondido bem para dentro do seu buraquinho.
O Dragão investigou
minuciosamente todos os cantos, mas, não encontrando coisa alguma,
admirou-se do acontecido e foi-se tranquilamente deitar. Mal, porém,
tinha pegado no sono, pôs o Cavaleiro das Flores novamente a mão no
cavalo. Desta vez ele relinchou mais fortemente ainda.
Levantou-se o Dragão
de um salto e correu à estrebaria a ver o que sucedera. Não
encontrou, todavia, ninguém, pois o Cavaleiro se virara em mosca e
se escondera. Em vão remexeu, esquadrinhou tudo, não deixando nem
uma palhinha no chão que não examinasse! Nada! Não viu nada!
Então, pensando que
talvez não tivesse dado bastante comida ao animal e que por isso ele
gritasse, encheu-se a manjedoura e foi-se embora.
Mais uma vez o
Cavaleiro tocou no cavalo e mais uma vez ele relinchou, com violência
ainda maior.
O pobre Dragão, que
tinha justamente adormecido naquele momento, ergueu-se furiosíssimo
e, pegando num chicote, de novo procurou por toda parte a ver se
alguém entrara na estrebaria. Não encontrando ninguém, chicoteou
desesperadamente o animal, praguejando e dizendo nomes feios, pois
que ele o tinha três vezes perturbado inutilmente o seu sono.
— O Cavaleiro das
Flores não está aqui (bramiu) para que tu faças tanto barulho!
O infeliz cavalo sofreu
em silêncio aquela crueldade, mas disse de si para consigo: “Muito
bem! Agora não vou mais fazer barulho. Venho quem vier, leve-me quem
me levar, não perturbarei mais o sono de Zemeu”.
Ora, assim que Zemeu se
foi embora, a mosca saiu do seu buraquinho, deu três cambalhotas,
virou no Cavaleiro das Flores, e pos a mão no pescoço do animal,
que, desta vez, não relinchou nem se mexeu. Então o Cavaleiro abriu
a porta da estrebaria e, montando nele, levou-o ao seu jovem amigo,
que o esperava em casa das Filhas do Sol, recomendando-lhe segurasse
bem as rédeas a fim de o não deixar fugir, pois era um cavalo
voador.
As Filhas do Sol, que
tinham gostado muito do moço, deram-lhe uma linda coroa de ouro com
a estrela da manhã no centro e outras estrelas em volta, para que a
oferecesse à filha do imperador se acaso a pudesse chamar quando
passasse pela torre do castelo onde estava presa.
Depois de se despedir
de todos, o filho do Conde montou no cavalo e, num abrir e fechar de
olhos, chegou perto da capital do Império.
Antes, porém, de
chegar, a princesa chamou-o da torre do castelo em que se encontrava
e pediu-lhe a coroa. O moço deu-lha, e levou ao imperador o cavalo
de Zemeu.
Tão alegre ficou o
soberano que o quis ter daí por diante ainda mais junto de si, e
amou-o como até então o não amara.
E o cigano? Teve mais
um cavalo para tratar na estrebaria. Com toda a sua intriga só
ganhou mais trabalho e aborrecimento, enquanto que o moço cresceu no
favor do monarca. Não havia, em toda a Corte, ninguém mais querido
do que o jovem filho do conde, geralmente considerado como príncipe
herdeiro do trono.
O cigano roia-se de
inveja, andava doente de raiva. Dia e noite só pensava como
livrar-se do moço, desgraçando-o. Por fim, veio-lhe na mente uma
idéia. Pareceu-lhe melhor do que a anterior.
Uma tarde, quando o
imperador passava junto da coudelaria, o intrigante adiantou-se e,
curvando-se respeitosamente, proferiu as seguintes palavras:
— Glorioso monarca!
Sabeis qual a nova basófia que o filho do conde proferiu diante de
mim?
— Qual foi?
— Gabou-se de que, se
Vossa Majestade quisesse, iria roubar a sela encantada do cavalo de
Zemeu.
Depois de ter perdido o
cavalo, o Zemeu vigiava a sela muito cuidadosamente, e não deixava,
sob pretexto algum, que ninguém se chegasse junto a ela. Era uma
sela maravilhosa, uma sela mágica. Transportava pelo ar, a pessoa
que nela se sentasse, par o lugar de destino que porventura quisesse
atingir.
De novo o imperador
acreditou no cigano e, quando chegou ao palácio, disse ao filho do
conde:
— Acabo de ter
conhecimento do segundo feito de que secretamente te gabaste ao
cigano. Garantiste-lhe que serias capaz de roubar a sela do Zemeu.
O moço negou, jurou
que nunca tal coisa lhe passara pela cabeça, e afirmou que jamais
falara nisso a ninguém.
Não quis, porém, o
imperador escutá-lo e, erguendo severamente a voz, de novo declarou
que, ou lhe traria a sela, ou a cabeça lhe rolaria naquele mesmo
chão onde os seus pés se firmavam.
Que podia ele fazer?
Deixou a Corte, afastou-se do povoado, e sentou-se a chorar no mesmo
tronco tombado em que se sentara dantes.
— Ai de mim! Ai de
mim! — dizia. Eis-me perdido desta vez. O Cavaleiro das Flores não
estará certamente disposto a ajudar-me ainda, pois que já me ajudou
da vez primeira.
Mas, ó maravilha! Logo
que pensou no Cavaleiro das Flores, plaf! Ele surgiu imediatamente ao
seu lado.
— Por que choras, bom
amigo?
— Choro porque o
imperador me intimou a trazer-lhe a sela encantada do Zemeu.
— Não te aflijas por
tão pouco. Vou ajudar-te. Nunca me esquecerei da tua boa ação de
outrora, dando-me liberdade. De resto, eu bem sei que sou o causador
de tudo o que te tem sucedido, e estarei por isso sempre pronto a
tirar-te das dificuldades em que te vejas.
Tal como da primeira
vez, deu três cambalhotas, virou-se em pássaro, levou o moço a
cavalo nas suas costas até a casa das Filhas do Sol, e foi sozinho
roubar a sela do Zemeu. Enganou de novo o Dragão, trouxe consigo a
sela, e deu-a ao seu jovem amigo para que ele a levasse ao imperador.
As Filhas do Sol
ofereceram-lhe desta vez uma coroa ainda mais linda do que a
primeira, com a lua ao centro ladeada pelas estrelas da tarde e da
manhã, e em volta outras estrelas menores.
— Se vires a princesa
e se ela te pedir esta cora, da-lha com um sorriso.
Logo que montou na
sela, o moço voou para a Corte do imperador. Passando perto da torre
do castelo onde estava a princesa, ela pediu-lhe a coroa, e ele
deu-lha, sorrindo, conforme lhe ordenaram as boas Filhas do Sol.
Depois entrou no palácio e, ajoelhando-se diante do imperador,
apresentou-lhe a sela encantada.
Louco de alegria ao
possuir aquela preciosidade, o imperador tornou-se ainda mais
afetuoso para o filho do conde. Todos o amavam. Só o cigano se
sentiu arder de raiva ao saber de tamanho sucesso. Passou dias e dias
pensando como arranjar para ele um trabalho ainda maior, pois não
podia levar a bem que o seu serviço aumentasse de cada vez mais, e
crescesse de cada vez mais a felicidade do seu antigo companheiro de
jornada
Até que, finalmente,
inventou uma grande mentira! Deliberou dizer ao imperador que o jovem
se tinha gabado de ser capaz de prender o Zemeu! Julgava que de tal
empresa ele não voltaria nunca, pois ninguém seria capaz de
capturar o Dragão. Era coisa muito diferente roubar um cavalo ou uma
sela encantada.
Uma tarde, portanto,
quando o imperador foi à estrebaria ver os cavalos, ele curvou-se
numa grande reverência, e disse:
— Magnânimo senhor!
Não podeis sequer imaginar como aquele filho do conde é gabarola.
Afirmou-me que, se Vossa Majestade o mandasse, iria prender o Zemeu e
o traria vivo ou morto.
Como das vezes
anteriores, o imperador acreditou no cigano e pensou: “Capturado o
Zemeu, não haverá mais necessidade de minha filha permanecer na
torre do castelo, e não mais recearei perde-la. Ficará livre, e
viverá como as outras mulheres”.
Assim conjeturando,
chamou o rapaz e disse-lhe:
— Ordeno-te que
partas e me tragas o Zemeu prisioneiro ou morto. Se o não trouxeres,
tua cabeça rolará no chão onde tens os pés. Gabaste-te ao cigano
que serias capaz de tal empresa.
Debalde o rapaz
protestou a sua inocência e jurou que o cigano só contava mentiras,
mas nada lhe valeu e teve de obedecer às ordens do imperador.
— Agora, — pensou —
cheguei ao termo dos meus dias. Pude escapar das duas primeiras
vezes, mas desta não escaparei. O imperador ordenou-me o impossível!
Quem é capaz de realizar impossíveis?
Assim, com uma grande
tristeza no coração, afastou-se do povoado e entrou na floresta.
Quando chegou junto ao tronco tombado, sentou-se um momento e
principiou a pensar no Cavaleiro das Flores. Imediatamente, — plaf!
Ele surgiu ao seu lado e perguntou:
— Que te afliges, meu
bom amigo? Por que estás tão triste?
— Porque o Imperador
me mandou prender o Zemeu e trazer-lho vivo ou morto. Se eu não
fizer isso, minha cabeça rolará no chão em que meus pés estiverem
pousados.
— Hum! — replicou o
cavaleiro. A empresa agora é bem mais difícil do que as outras
duas. Mas, ainda assim, vamos tentar realiza-la.
Dando então três
cambalhotas, virou-se em pássaro e levou-o como das outras vezes
para casa das Filhas do Sol, dizendo-lhe ao despedir-se:
— Espere aí até que
eu volte.
Voou em seguida para
uma floresta contígua à habitação do Zemeu, dando três
cambalhotas, transformou-se num velho anão semelhante a um duende.
Empunhando então um grande machado, começou a derrubar árvores
sobre árvores, que caiam causando estrondo enorme.
Ao ouvir esse barulho
veio o Zemeu ver o que era e, encontrando aquele velho, perguntou-lhe
o que fazia ali.
— Estou derrubando
árvores para ver quais as mais fortes. Quero uma jaula muito sólida
para encarcerar o Cavaleiro das Flores, pois ele pregou-me uma
partida.
— Excelente idéia, —
aprovou o Zemeu. Também estou muito zangado com ele; roubou-me o meu
cavalo e a minha sela encantada sem que eu lhe pudesse fazer coisa
alguma. Ah! Muito desejaria agarra-lo para ajustar velhas contas...
você é camarada! Eu o ajudarei no que puder. Venha comigo e lhe
darei traves grossas de madeira bem forte e barras de ferro próprias
par construir uma prisão que ninguém poderá arrombar!
A este discurso o velho
anão pareceu ficar muito contente, e declarou que tal auxílio iria
facilitar muito o seu trabalho. Acompanhou o Zemeu até a casa dele,
e principiou a construir uma jaula toda cercada de barras de ferro.
Quando acabou, disse ao Dragão:
— Não sei se estará
suficientemente sólida para o Cavaleiro das Flores, pois ele é tão
forte, tão forte, que poderá ergue-la até as nuvens e depois
deixar-se cair dentro dela, fazen
do-a assim em pedaços.
Também não sei se estará suficientemente vedada. Pois por onde
passar um raio de luz ele poderá passar também. Ora, como você é
ainda mais forte do que o Cavaleiro das Flores, peço-lhe que entre
nesta jaula e veja se está boa. Vou fecha-la toda, e você depois me
dirá se a acha bem vedada. Em seguida, — se me quiser fazer esse
favor, — suba às nuvens e deixe-se cair dentro dela a ver se ela
se parte em estilhas ou não.
Muito contente ficou o
Zemeu com semelhante proposta! Entrou logo sem esperar mais nada, a
dançar de satisfação, e o velho perguntou-lhe se, porventura,
havia dentro alguma réstea de luz. Como por entre algumas pranchas
de madeira se coasse uma tênue claridade, o velho tapou tudo muito
bem e pediu ao Zemeu que subisse às nuvens e se atirasse com toda
força ao chão, dentro da jaula.
Ele subiu tão alto,
tão alto, que só caiu no fim do dia seguinte. Despregaram-se cinco
arcos de ferro com a violência do choque.
O velho pôs cinco
arcos novos e o Zemeu, depois de verificar que não entrava luz
nenhuma lá dentro, subiu de novo tão alto que só caiu no fim do
terceiro dia. Despregaram-se, na queda, apenas dois arcos de ferro.
Mais uma vez o anão
consertou tudo muito direito, reforçou todos os arcos, vedou todas
as frestas, e pediu ao Zemeu que subisse dentro da jaula.
O Zemeu subiu, subiu,
subiu, e foi tão alto que só ao fim de uma semana é que caiu no
chão, — não se tendo despregado coisa alguma nem partido uma só
tábua na queda.
— Vê-se alguma luz
aí de dentro?
— Não! — respondeu
o Zemeu. Abre depressa q porta que eu quero sair. Estou quase
morrendo asfixiado!
— Acho bom que você
não saia mais daí. É o que talvez convenha melhor à sua saúde.
Ah! Ah! Ah! Fique sabendo que eu não sou outro senão o Cavaleiro
das Flores.
O Zemeu estourou de
raiva. Morreu, vendo que tinha sido tão estúpido que ajudara a
fazer a sua própria prisão e nela por sua livre vontade se metera.
O Cavaleiro pegou a
jaula e carregou-a para casa das Filhas do Sol, entregando-a ali ao
seu protegido e amigo. Nesse meio tempo elas tinham preparado uma
coroa ainda mais linda do que as duas primeiras, com o só em cima, a
lua na frente, ladeada pelas estrelas da tarde e da manhã, em volta
outras estrelas menores cintilando. Recomendaram-lhe que a oferecesse
à Princesa, mas somente se ela a pedisse.
O jovem agradeceu muito
às Filhas do Sol todas as suas gentilezas, beijou a mão do
Cavaleiro das Flores que tão bem o tinha ajudado, e partiu levando o
cadáver do Zemeu para a Corte Imperial. Ao passar pela torre do
Castelo onde a Princesa se encontrava, ela pediu-lhe aquela coroa tão
rica. O jovem deu-lhe de muito boa mente, e depois entrou no palácio,
apresentando ao Imperador o corpo inanimado do Zemeu.
Ah! O soberano ficou
satisfeitíssimo ao ver que estava morto o seu pior inimigo. Mais
ainda, ao ver que devia a liberdade de sua filha a um jovem tão
formoso e tão inteligente.
Planejou imediatamente
casa-los.
Quando soube de tal
projeto, a princesa alegrou-se em extremo e foi mostrar a seu pai as
três lindíssimas coroas que o filho do conde lhe tinha dado. O
imperador maravilhou-se vendo jóias tão belas. Ofereceu ao moço
metade do reino e mandou celebrar com toda a pompa o casamento dele
com sua filha única.
Eu fui lá, e por sinal
que se deu comigo um incidente muito engraçado. Estava comendo
furiosamente, cheio de fome, e tinha na boca um pequeno osso de pato,
— quando de repente todos os convivas se ergueram para fazer uma
saúde aos noivos. Levei às pressas a minha taça aos lábios e bebi
um gole de champanha: o osso desceu para a garganta e fiquei até
hoje com ele um pouco saliente, a meio do pescoço.
Os meninos reparem, que
a todos os homens grandes do seu conhecimento aconteceu também algum
caso semelhante, pois todos têm, mais ou mnos saliente, um pequeno
osso de pato no mesmo lugar que eu.
Em castigo de todas as
partidas pregadas pelo cigano ao marido de sua filha, e das ameaças
que o malvado outrora lhe tinha feito quando viajavam juntos, o
imperador ordenou que o despedaçassem amarrando-lhe pés e mãos às
caudas de quatro cavalos bravos.
Um dia lembrou-se o
jovem que, segundo a sentença proferida pelo velho na grande reunião
de sábios havia em casa de seus pais, ele poderia livremente
regressar quando levasse consigo o pássaro maravilhoso.
Deliberou então ir com
sua mulher visitar o palácio em que nascera. Pegou em três bolsas
de dinheiro, atrelou dois cavalos no mesmo carro em que tinha viajado
antigamente, e foi. O velho conde e a velha condessa quase desmaiaram
de alegria vendo o filho amado de regresso. O pássaro maravilhoso
apareceu um instante junto do conde e logo subiu voando ao céu.
Não se imagina o
prazer que os dois velhos sentiram ao saber o seu filho casado com a
filha do imperador, que era nesse tempo o maior soberano do mundo.
O moço levou seus pais
consigo para o palácio imperial, e viveram todos muitos felizes,
muito felizes. Eu não sei bem se ainda estão vivos, porque não
tomei ultimamente informações a esse respeito. Há dois anos,
porém, ainda estavam, — e quando na minha viagem para o País das
Fadas eu os fui cumprimentar, deram-me uma caneta de presente. Com
ela, meus meninos, é que eu escrevi esta história para vocês
lerem.
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