A VINGANÇA DA ONÇA
II
Houve uma seca muito
grande no mundo, e a Onça, então, convidou todos os bichos para
fazerem uma fonte. Aquele que não fosse dar o seu adjutório não
beberia a água, depois de pronta a fonte.
Foram todos os bichos,
menos a Coelha, que sabia que aquilo era invenção da Dona Onça
para pegá-la.
Quando se acabou de
fazer a fonte, a Onça mandou que cada bicho ficasse de sentinela
para não deixar a Coelha ir beber a água. A Coelha, sentindo muita
sede, começou a imaginar um meio de enganar os vigias da fonte. Foi
para o mato, encheu uma cabaça de mel de abelha. Pegou numa violinha
e saiu por ali, tocando:
— “Pan-can-tin,
Pan-can-tin”.
Estava a Raposa de
sentinela. Mal foi avistando a Coelha, foi gritando:
— Ah! Você já vem,
hein? Você não bebe água aqui não.
A Coelha, com voz de
choro, disse:
— Ora, Raposa, dê-me
um tiquinho de água só, porque estou morrendo de sede!
— Não. Aqui, não.
Você por que não veio ajudar a gente a fazer a fonte?
— Olhe, Raposa,
estenda a mão. Pegue a coisa que trouxe para você.
A Raposa estendeu a mão
e a Coelha botou um bocado de mel nela. Assim que a Raposa provou o
mel gritou:
— Ih! Coelha, está
gostoso! Ponha mais um bocadinho!
— Chegue as mãos —
disse a Coelha.
Quando a Raposa
estendeu as mãos, a Coelha mais que depressa amarrou-as com uma
corda, enlinhou-as, enlinhou-as e correu para a fonte.
— Olhe, Raposa, não
só vou beber água, como vou também tomar um banho.
E, tchibum! — caiu
dentro da fonte. Tomou o seu banho até quando bem quis e entendeu.
Depois saiu, lançou mão da violinha e da cabaça de mel e foi-se
embora, deixando a Raposa com as mãos amarradas.
Passado muito tempo,
chegou o Bode e disse:
— Ora, Raposa, a
Coelha a enganou. Amanhã quem vem ficar de sentinela sou eu, que
quero dar a resposta àquela malcriada.
No outro dia, o Bode
ficou vigiando a fonte, mas a Coelha veio e enganou-o como enganara a
Raposa. O mesmo aconteceu aos demais bichos que foram ficar de
sentinela na fonte: a Coelha engabelava-os com o mel, amarrava-lhes
as mãos, indo em seguida para a fonte beber água e tomar banho.
Quando chegou a vez de
Dona Onça ficar de sentinela, não quis ir e disse furiosa:
— Com aquela
endiabrada, não quero negócio!
Daí em diante, não
botou mais sentinela na fonte e a Coelha ficou bebendo água e
tomando banho à sua vontade.
Por isso, dizem as más
línguas lá do mato, que Dona Onça até hoje tem medo da Dona
Coelha.
Não sei se é verdade.
Dona Maritaca diz que é
verdade, e diz muita coisa mais!
Acredita!
No
livro está escrito que se trata de uma adaptação. Então, onde
encontrar a história verdadeira e completa?
Se alguém souber, por favor, entre em contato conosco.
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