terça-feira, 6 de maio de 2014

MERECE SER LEMBRADO II -- O COELHO, O HORTELÃO E A RAPOSA


O COELHO, O HORTELÃO E A RAPOSA


O Coelho gostava muito das couves da horta de seu vizinho.
Todos os dias ia lá e comia até fartar-se.
Um dia, o hortelão armou um laço pendurado num pau.
O ladrãozinho caiu nele e ficou preso.
O hortelão chegou, viu o coelho e disse:
— Então, era você que comia as minhas couves, seu malandro? Espere aí, eu volto já.
Nisto, a Raposa passou e perguntou ao Coelho:
— Que está fazendo dependurado aí?
O Coelho não respondeu e, fingindo-se muito alegre, começou a balançar-se de um lado para outro, como se estivesse gangorrando.
— Ah! — disse o Coelho — cada minuto que fico aqui, ganho um cruzeiro.
— Deveras? — perguntou a Raposa.
— Deveras? Eu estou aqui espantando os pardais, não vê? Eu me balanço assim de um lado para o outro e eles nem chegam perto. Mas eu ganho dinheiro noutras coisas também. Tenho outros negócios. Se a senhora quiser, pode ficar no meu lugar, comadre Raposa.
A raposa, muito ambiciosa, aceitou logo a proposta e tirou o laço da cabeça do Coelho. O Coelho, espertíssimo, mais que depressa, meteu o laço na cabeça da Raposa, e foi-se embora.
A Raposa, na mesma hora, pôs-se a balançar de um lado para outro, de um lado para outro, do mesmo jeito que vira o Coelho fazer.
Logo chegou o hortelão com o pau.
Olhou espantado para a Raposa e disse:
— Cruz! Credo! Nunca vi coelho virar raposa.
Mas, assim mesmo, o hortelão deu uma sova na Raposa até que o pau quebrou. Depois voltou para o mato, para buscar outro pau.
A Raposa aí lembrou-se de que tempos atrás havia judiado do Coelho e que, decerto, ele se vingara agora de suas maldades, e começou a gritar:
— Pelo amor de Deus, Sr. Coelho! Eu estou muito arrependida e peço perdão de todas as ruindades que lhe fiz! Tire-me daqui! Tire-me daqui!
O Coelho tinha bom coração, isto tinha, e perdoou à Raposa.
Foi lá e desamarrou o laço.
Dali a pouco o hortelão voltou com outro pau, bem mais grosso do que o primeiro, mas não encontrou nem sinal da Raposa.
E o hortelão disse:
— Cruz! Credo! Agora, nem coelho, nem raposa!

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