quinta-feira, 1 de maio de 2014

MERECE SER LEMBRADO II -- DE VOLTA


DE VOLTA
Paulo Setúbal

Minha terra... Aí, com que abalo,
Com que sincera emoção,
Eu, dando rédea ao cavalo,
Margeio este fundo valo
— Caminho do meu torrão.

Tudo no ar, festa e brilho!
E é com a alma a vibrar,
Que eu corto as roças de milho
Por este sinuoso trilho
Que à minha terra vai dar.

Ninhos... flores... que tesouro!
Que alegria vegetal!
À luz do sol quente e louro,
Com seus penachos cor de ouro,
— Como é lindo o milharal!

Abelhas, asas espertas,
Num revoejo zumbidor,
Pousam trêfegas, incertas,
Pelas corolas abertas
Das parasitas em flor!

Na mata, de quando em quando,
Soa o trilar dos nambus.
Os pintassilgos em bando,
As frondes sonorizando,
Gorjeiam em plena luz.

Aqui, nesta boa roça,
São todos amigos meus.
Por isso a cada choça,
Toda gente se alvoroça
Para vir dizer-me adeus!

Nenhum comentário:

Postar um comentário