quinta-feira, 1 de maio de 2014

MERECE SER LEMBRADO II -- ARGOS, O CÃO DE ULISSES


ARGOS, O CÃO DE ULISSES

Ulisses, rei de Ítaca, criou um belo cão. Logo que cresceu, forte e ágil, acompanhava o patrão, como ma sombra. Passeava com ele, viajava com ele, ia com ele à caça, ajudando-o a caçar.
Um dia, porém, Ulisses partiu para a guerra e ficou longe de seu reino tanto tempo que ninguém mais acreditava que estivesse vivo.
Mas voltou.
Quando partiu era moço, belo e vigoroso; ao voltar, depois de muitos anos e muita luta, vinha envelhecido e desfigurado.
Apoiado a um bastão cheio de nós, percorreu os velhos caminhos do seu reino, sem que ninguém o conhecesse. Passou pelos campos férteis que rodeavam o seu palácio, cortou as avenidas de seu parque, viu, ao longe, nas encostas dos montes, o seu gado luzidio. Esteve com os seus pastores, e estes não o reconheceram. Encontrou-se com os seus velhos caseiros, que quiseram deter-lhe os passos, pensando que ele fosse um vagabundo.
Chegou até a porta de sua casa e viu que devia lá haver alguma festa,de tal forma estava iluminada.
De repente, ouviu um latido: era o seu cão que, reconhecendo-o, tentou levantar-se para ir-lhe ao encontro e não pôde.
Comovido, Ulisses perguntou a um caseiro:
— Que cão é esse? Deveria ser muito belo quando mais novo.
— É o cão de Ulisses — respondeu-lhe o caseiro — o nosso bom e sábio rei, que partiu para a guerra de Tróia e cujas proezas todos os gregos sabem de cor. Anda por esse mundo, se ainda não morreu.
Ulisses, então, dirigiu-se para o velho animal:
— Argos! Argos!
Ouvindo a voz de Ulisses, Argos levantou de novo a cabeça. Encarou Ulisses. Revelou nos olhos uma grande alegria. Tentou levantar-se e não o conseguiu. Recebeu a última carícia de seu dono e morreu.
— Ah! Cão fiel! — exclamou Ulisses. Entre tantos homens, que tanto me estimavam fui um desconhecido. Só tu Argos, só tu reconheceste o teu amigo.

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