A MENINA E O LEITE
Catarina, com seu
vestido xadrez e avental branco, chinelinhas de palhas trançadas de
vermelho, ia para o mercado, levando na cabeça uma lata com o
primeiro leite de sua vaquinha mocha. Ia contente da vida e a falar
sozinha:
— Vendo o leite e
compro uma dúzia de ovos de raça poedeira. Ponho os ovos para
chocar e, depois de vinte e um dias, sai uma dúzia de pintos. Morrem
uns dois, eu sei, mas ficam dez: cinco frangos e cinco frangas. Crio
os frangos e vendo-os a .... as frangas viram cinco botadeiras. Pondo
cada uma 150 ovos por ano, mais ou menos, fico com 750 ovos. Choco
todos. Fico, então, com 750 pintos, descontando uns 100, que
decerto, morrem, fico com 650 entre frangos e frangas. Vendo os
frangos, uns 300, talvez, a ... ou ...., e fico, fico, então com...
E Catarina deteve-se
para fazer as contas. Tentou, tentou e não acertou. Era muito
dinheiro, e a conta muito difícil para fazer de cor.
— Com esse dinheiro,
hei-de comprar uma seis porcas de cria e uma cabrita.
Nisto Catarina tropeçou
e caiu com a lata e tudo.
Levantou-se depressa,
limpou o vestido e olhou triste para o leite que escorria pelo
caminho.
E agora? E as 5
botadeiras, os 650 frangos, as 6 porcas e a cabritinha?
Catarina levou o
avental aos olhos e pôs-se a chorar.
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