quinta-feira, 1 de maio de 2014

MERECE SER LEMBRADO II -- GUILHERMINA


GUILHERMINA, A DESASTRADA

Guilhermina é uma roceirazinha de dez anos. Com sua trouxinha de roupas às costas, lá vai ela, com sua mãe, para a cidade. Vai trabalhar em casa de um senhora muito rica, Dona Florisbela.
Ao chegar, recebe ordem dos serviços que vai fazer.
— Você, Guilhermina, vai tomar conta do gatinho Mimi e do cachorrinho Bobó. Leve-os agora à casa do tio Benedito, na Rua Direita, para cortar a cauda do gato e tosquiar Bobó de modo que o torne parecido com um leãozinho.
— Sim, patroa.
Guilhermina sai, levando o gato ao colo, e o cachorrinho, pela cordinha.
Vai repetindo o recado pelo caminho, para não o esquecer.
— Tosquiar Bobó, como um leãozinho e cortar a cauda do gato... Tosquiar Bobó e cortar a cauda do gato.
De repente pula de um muro um galo.
Bobó late, puxa a corda, quer perseguir o galo e vai arrastando Guilhermina. É uma correria louca.
Guilhermina embaraça o pé na corda, tropeça, e perde um pé de tamanco. Afinal, o galo voa para cima da cerca.
Guilhermina, mancando, com um pé no tamanco e o outro no chão, lembra o recado e vai repetindo:
— Tosquiar o Mimi e cortar a cauda do Bobó.
Felizmente chegam à casa do tio Benedito.
Guilhermina põe o gatinho na cadeira e vai logo dizendo:
— Dona Florisbela mandou cortar a cauda do cão e aparar o pêlo do gato, de modo que ele se torne parecido com um leãozinho.
Tio Benedito traz as tesouras e uma sardinha para Mimi.
Num instante os pêlos vão caindo, cortados pela tesoura afiada. As patas estão peladas, com duas pulseiras de cabelo.
Agora é a vez de Bobó.
— Au! Au! Au!
Bobó grita e esperneia. Tio Benedito amarra-o bem amarradinho e, apertando-o entre as pernas — tric... tric... tric... e pronto!
Bobó sacode-se e está pronto também!
— Agora, vamos para casa. Desta vez, Bobó, vai você no meu colo. Mimi, que é mais comportado, vai puxado pela cordinha.
E lá vão eles. Guilhermina entra em casa e encontra a patroa cochilando numa cadeira. Mimi pula nos seus joelhos, e ela, assustada, abre os olhos e solta um grito:
— Que animal é este de pensas tão trêmulas?
— Au! Au! Au! — faz Bobó balançando seu cotozinho.
Dona Florisbela arregala os olhos de espanto e grita:
— Guilhermina! Guilhermina! Que fez você com os meus lindos animais! Meu cão de raça, com tão formosa cauda amputada desta maneira! E o meu gato angorá, de pêlos compridos e sedosos! Em que estado ficou! Pobres de meus animaizinhos! Arrume sua trouxa e volte para a sua casa, menina desastrada!
Guilhermina, sem compreender em a irritação de sua patroa, arruma de novo sua trouxa e volta para casa, alegre de ver outra vez as suas rocinhas.





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