GUILHERMINA, A
DESASTRADA
Guilhermina é uma
roceirazinha de dez anos. Com sua trouxinha de roupas às costas, lá
vai ela, com sua mãe, para a cidade. Vai trabalhar em casa de um
senhora muito rica, Dona Florisbela.
Ao chegar, recebe ordem
dos serviços que vai fazer.
— Você, Guilhermina,
vai tomar conta do gatinho Mimi e do cachorrinho Bobó. Leve-os agora
à casa do tio Benedito, na Rua Direita, para cortar a cauda do gato
e tosquiar Bobó de modo que o torne parecido com um leãozinho.
— Sim, patroa.
Guilhermina sai,
levando o gato ao colo, e o cachorrinho, pela cordinha.
Vai repetindo o recado
pelo caminho, para não o esquecer.
— Tosquiar Bobó,
como um leãozinho e cortar a cauda do gato... Tosquiar Bobó e
cortar a cauda do gato.
De repente pula de um
muro um galo.
Bobó late, puxa a
corda, quer perseguir o galo e vai arrastando Guilhermina. É uma
correria louca.
Guilhermina embaraça o
pé na corda, tropeça, e perde um pé de tamanco. Afinal, o galo voa
para cima da cerca.
Guilhermina, mancando,
com um pé no tamanco e o outro no chão, lembra o recado e vai
repetindo:
— Tosquiar o Mimi e
cortar a cauda do Bobó.
Felizmente chegam à
casa do tio Benedito.
Guilhermina põe o
gatinho na cadeira e vai logo dizendo:
— Dona Florisbela
mandou cortar a cauda do cão e aparar o pêlo do gato, de modo que
ele se torne parecido com um leãozinho.
Tio Benedito traz as
tesouras e uma sardinha para Mimi.
Num instante os pêlos
vão caindo, cortados pela tesoura afiada. As patas estão peladas,
com duas pulseiras de cabelo.
Agora é a vez de Bobó.
— Au! Au! Au!
Bobó grita e
esperneia. Tio Benedito amarra-o bem amarradinho e, apertando-o entre
as pernas — tric... tric... tric... e pronto!
Bobó sacode-se e está
pronto também!
— Agora, vamos para
casa. Desta vez, Bobó, vai você no meu colo. Mimi, que é mais
comportado, vai puxado pela cordinha.
E lá vão eles.
Guilhermina entra em casa e encontra a patroa cochilando numa
cadeira. Mimi pula nos seus joelhos, e ela, assustada, abre os olhos
e solta um grito:
— Que animal é este
de pensas tão trêmulas?
— Au! Au! Au! — faz
Bobó balançando seu cotozinho.
Dona Florisbela
arregala os olhos de espanto e grita:
— Guilhermina!
Guilhermina! Que fez você com os meus lindos animais! Meu cão de
raça, com tão formosa cauda amputada desta maneira! E o meu gato
angorá, de pêlos compridos e sedosos! Em que estado ficou! Pobres
de meus animaizinhos! Arrume sua trouxa e volte para a sua casa,
menina desastrada!
Guilhermina, sem
compreender em a irritação de sua patroa, arruma de novo sua trouxa
e volta para casa, alegre de ver outra vez as suas rocinhas.
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