A COISA MAIS PRECIOSA
Antigamente, um certo
rei da Turíngia, sentindo-se avelhantado e querendo escolher o
herdeiro, chamou os seus três filhos, Bertolo, Gontran e Rodolfo, ao
castelo forte e lhes disse:
— Meus amados filhos,
bem sabeis que é praxe em nosso país, o rei escolher, entre seus
filhos, qual seja seu sucessor. Eu vos estimo igualmente e vossos
defeitos e qualidades se compensam. Não quero agir por capricho e
designar um de vós sem motivo sério. Eis o que decidi: designarei
como meu sucessor aquele dentre vós que me trouxer o objeto ou a
coisa mais própria para dar felicidade ao homem. ide viajar e
procurai: daqui, a um ano, nesta mesma data devereis estar de volta.
Os três príncipes
partiram e cada um tinha a sua idéia.
Bertolo que gostava do
luxo e do esplendor das riquezas, era ativo e amigo dos pobres com
quem repartia seus bens. Resolveu partir para um país longínquo,
onde conforme se dizia, havia minas de ouro, prata pedras preciosas.
Trabalhou, empregou muito dinheiro e muitos homens na extração do
ouro nativo e conseguiu ajuntar muitas barras de ouro. Vendo-se
multi-milionário,
embarcou-se para a sua terra a fim de chegar ao palácio na data
fixada.
— Creio que fiz o
melhor dos negócios, dizia Bertolo, de si para si; é impossível
que lhe apresentando estas barras de ouro não me escolha meu pai e
rei para sucessor... Que há de mais útil, afinal, que o ouro? Com a
riqueza satisfazem-se todos os caprichos, pode-se escolher o que se
deseja, fazer o mal, é certo, mas também melhorar a sorte dos
infelizes e a nossa. Com o ouro tem-se poder, exércitos numerosos e
armadas invencíveis; é-se senhor da Terra. Creio que o ouro faz a
felicidade do homem.
Gontran, o mais moço,
fora mais atilado. Pensava que a fortuna sem a saúde não poderia
dar a felicidade. Partiu para a Índia e lá, viajando, encontrou um
brâmene
que lhe deu uma planta milagrosa que curava todos os males e impedia
um sem número de doenças. Era uma panacéia universal.
— Eis o que darei a
meu pai e estou certo de que serei designado para seu sucessor. Para
que servem de fato o ouro e o poder senão gozar os prazeres da vida?
a saúde é tudo; com ela se podem adquirir fortunas. Pode-se assim
ser senhor dos outros e afinal, ao menos, com ela passarmos vida
alegre e feliz.
Rodolfo, o do meio, era
um rapaz esperto. Disse consigo: — Eu não tenho grande experiência
da vida e por isso vou consultar o meu padrinho — o mágico
Corbinius. Ele me dirá o que devo fazer.
O feiticeiro então lhe
disse:
— A única coisa
capaz de dar a felicidade é o juízo, meu afilhado. Ele não se
encontra na terra como o ouro ou as plantas. Está na alma humana e a
questão é o homem saber servir-se dele.
Quando chegou a data
aprazada, os três filhos compareceram no Castelo e o mais velho
apresentou ao rei as magníficas barras de ouro.
— Está bem, disse o
rei, foste bem longe buscar estes tesouros. Na verdade o ouro é
coisa maravilhosa, mas vou ver se teus irmãos trouxeram coisa
melhor.
O segundo filhou
mostrou ao pai a planta da saúde, que curava tudo.
— Sim, isto já é
melhor mas talvez Rodolfo tenha coisa mais útil.
Este nada tinha nas
mãos e confessou que só trazia uma simples frase: “o juízo”.
— Meu filho, tu és o
vencedor. Nem o ouro, nem a saúde podem dar a felicidade ao homem,
se ele não possui “juízo”, que é o conhecimento do bem e do
mal e que dá prudência e força moral. O homem ajuizado pode
galhar
fortunas ou passar sem elas; ele sabe, por seu proceder, conservar e
prescrever a saúde; tornar-se assim querido e respeitado. A
felicidade não o deixará. Quem não tiver juízo perde bem depressa
o ouro e a saúde.
Rodolfo ficou pois
sendo o herdeiro presuntivo e quando o velho rei da Turíngia morreu,
ele ascendeu ao trono e governou com equidade e estima de seus
súditos.
COPIADO DE
COPIADO DE
O título do livro é A
ÁRVORE DE NATAL.
O nome do autor não
foi possível identificar, mas na parte da capa que resta aparece um
nome Tycho Brahe.
A editora é LIVRARIA
QUARESMA, Rio de Janeiro, 1959.
O livro inicia-se com
AO LEITOR.
Mais um livro de
histórias é hoje oferecido às crianças brasileira.
A ÁRVORE DE NATAL
ou TESOURO MARAVILHOSO DE PAPAI NOEL, revela mais uma vez ao
bom público que nos tem protegido e amparado com sua benevolência,
o progresso que temos incutido à nossa Biblioteca Infantil que é a
única no Brasil.
O presente volume que
foi confiado a reconhecido e autorizado escritos, contém muitas
histórias originais e várias adaptações de novelas de mestres
como Shakespeare, Tolstoi, Perrault, La Fontaine, etc. ... Não são
a repetição do que já temos publicado ou mesmo parodiado, mas sim
trabalhos coligidos de maneira que a ficção, sempre imaginosa, ande
a par com o fim de todo o livro infantil: deleitar, instruindo.
Tais contos, como agora
damos à luz da publicidade, são um precioso elemento de educação
doméstica, pois, como diz La Fontaine: “ Quem não acha um prazer
extremo em ouvir histórias mesmo inverossímeis?” São uma formosa
coletânea que agradará a nossos leitores e principalmente aos seus
filhos e que virá demonstrar nosso constante empenho de ser útil e
agradável às crianças que falam a nossa bela língua portuguesa.
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