sábado, 5 de abril de 2014

MERECE SER LEMBRADO 1


A COISA MAIS PRECIOSA

Antigamente, um certo rei da Turíngia, sentindo-se avelhantado e querendo escolher o herdeiro, chamou os seus três filhos, Bertolo, Gontran e Rodolfo, ao castelo forte e lhes disse:
— Meus amados filhos, bem sabeis que é praxe em nosso país, o rei escolher, entre seus filhos, qual seja seu sucessor. Eu vos estimo igualmente e vossos defeitos e qualidades se compensam. Não quero agir por capricho e designar um de vós sem motivo sério. Eis o que decidi: designarei como meu sucessor aquele dentre vós que me trouxer o objeto ou a coisa mais própria para dar felicidade ao homem. ide viajar e procurai: daqui, a um ano, nesta mesma data devereis estar de volta.
Os três príncipes partiram e cada um tinha a sua idéia.
Bertolo que gostava do luxo e do esplendor das riquezas, era ativo e amigo dos pobres com quem repartia seus bens. Resolveu partir para um país longínquo, onde conforme se dizia, havia minas de ouro, prata pedras preciosas. Trabalhou, empregou muito dinheiro e muitos homens na extração do ouro nativo e conseguiu ajuntar muitas barras de ouro. Vendo-se multi-milionário, embarcou-se para a sua terra a fim de chegar ao palácio na data fixada.
— Creio que fiz o melhor dos negócios, dizia Bertolo, de si para si; é impossível que lhe apresentando estas barras de ouro não me escolha meu pai e rei para sucessor... Que há de mais útil, afinal, que o ouro? Com a riqueza satisfazem-se todos os caprichos, pode-se escolher o que se deseja, fazer o mal, é certo, mas também melhorar a sorte dos infelizes e a nossa. Com o ouro tem-se poder, exércitos numerosos e armadas invencíveis; é-se senhor da Terra. Creio que o ouro faz a felicidade do homem.
Gontran, o mais moço, fora mais atilado. Pensava que a fortuna sem a saúde não poderia dar a felicidade. Partiu para a Índia e lá, viajando, encontrou um brâmene que lhe deu uma planta milagrosa que curava todos os males e impedia um sem número de doenças. Era uma panacéia universal.
— Eis o que darei a meu pai e estou certo de que serei designado para seu sucessor. Para que servem de fato o ouro e o poder senão gozar os prazeres da vida? a saúde é tudo; com ela se podem adquirir fortunas. Pode-se assim ser senhor dos outros e afinal, ao menos, com ela passarmos vida alegre e feliz.
Rodolfo, o do meio, era um rapaz esperto. Disse consigo: — Eu não tenho grande experiência da vida e por isso vou consultar o meu padrinho — o mágico Corbinius. Ele me dirá o que devo fazer.
O feiticeiro então lhe disse:
— A única coisa capaz de dar a felicidade é o juízo, meu afilhado. Ele não se encontra na terra como o ouro ou as plantas. Está na alma humana e a questão é o homem saber servir-se dele.
Quando chegou a data aprazada, os três filhos compareceram no Castelo e o mais velho apresentou ao rei as magníficas barras de ouro.
— Está bem, disse o rei, foste bem longe buscar estes tesouros. Na verdade o ouro é coisa maravilhosa, mas vou ver se teus irmãos trouxeram coisa melhor.
O segundo filhou mostrou ao pai a planta da saúde, que curava tudo.
— Sim, isto já é melhor mas talvez Rodolfo tenha coisa mais útil.
Este nada tinha nas mãos e confessou que só trazia uma simples frase: “o juízo”.
— Meu filho, tu és o vencedor. Nem o ouro, nem a saúde podem dar a felicidade ao homem, se ele não possui “juízo”, que é o conhecimento do bem e do mal e que dá prudência e força moral. O homem ajuizado pode galhar fortunas ou passar sem elas; ele sabe, por seu proceder, conservar e prescrever a saúde; tornar-se assim querido e respeitado. A felicidade não o deixará. Quem não tiver juízo perde bem depressa o ouro e a saúde.
Rodolfo ficou pois sendo o herdeiro presuntivo e quando o velho rei da Turíngia morreu, ele ascendeu ao trono e governou com equidade e estima de seus súditos.

COPIADO DE


O título do livro é A ÁRVORE DE NATAL.

O nome do autor não foi possível identificar, mas na parte da capa que resta aparece um nome Tycho Brahe.

A editora é LIVRARIA QUARESMA, Rio de Janeiro, 1959.



O livro inicia-se com



AO LEITOR.



Mais um livro de histórias é hoje oferecido às crianças brasileira.

A ÁRVORE DE NATAL ou TESOURO MARAVILHOSO DE PAPAI NOEL, revela mais uma vez ao bom público que nos tem protegido e amparado com sua benevolência, o progresso que temos incutido à nossa Biblioteca Infantil que é a única no Brasil.

O presente volume que foi confiado a reconhecido e autorizado escritos, contém muitas histórias originais e várias adaptações de novelas de mestres como Shakespeare, Tolstoi, Perrault, La Fontaine, etc. ... Não são a repetição do que já temos publicado ou mesmo parodiado, mas sim trabalhos coligidos de maneira que a ficção, sempre imaginosa, ande a par com o fim de todo o livro infantil: deleitar, instruindo.

Tais contos, como agora damos à luz da publicidade, são um precioso elemento de educação doméstica, pois, como diz La Fontaine: “ Quem não acha um prazer extremo em ouvir histórias mesmo inverossímeis?” São uma formosa coletânea que agradará a nossos leitores e principalmente aos seus filhos e que virá demonstrar nosso constante empenho de ser útil e agradável às crianças que falam a nossa bela língua portuguesa.

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