SILVA,
Rafael Bianchi. Desenvolvimento
e comportamento humano.
São Paulo: Pearson Eduacation do Brasil, 2009.
Lido
em 2011
Livro
emprestado
por aluna da UNOPAR curso de pedagogia.
P3
Para
os estudiosos da gestalt
“os
experimentos realizados mostraram que diante de uma mesma
estimulação, diferentes respostas à percepção eram obtidas. Isso
se deriva do fato de que uma estimulação possui múltiplas partes
que, quando relacionadas, marcam um todo. Disso deriva a constatação
de que podem existir diferentes formas de vislumbrar as diferentes
partes.”
P4
Alguns
estudos da gestalt
“partem
da base de que o ser humano é um animal que se encontra dentro de
uma cadeia evolutiva e que, portanto, os estudos dos outros animais
favorecem tanto o estudo de leis fundamentais do comportamento como
também para verificar o que realmente existe de diferencial entre
estes e o ser humano.
P4
“Skinner
(1996) afirma que a ciência pode auxiliar no processo de previsão e
controle do comportamento a partir de tecnologias específicas (como
o reforço diferencial e a análise de contingências) focalizando,
deste modo, a sobrevivência tanto do indivíduo como da cultura.
P6
Nasce
a psicologia da educação, que possuía, portanto, a tarefa
primordial de padronização do aluno em vista de atingir os
objetivos educacionais. Esta, por sua vez, passará por alterações
com o passar do tempo, causando uma mudança de rumo: da formatação
à autonomia do aluno.
7
Aproximação
entre psicologia e pedagogia acontece entre anos 30 e 60 com
escolanovista quando
“a
educação passa a ver o processo de ensino-aprendizagem e o
desenvolvimento maturacional infantil como o foco principal na
formação do professor.”
P8
Esses
pontos de referência vão sendo construídos e podem ou não ser
seguidos um momento futuro, permitindo observar uma das
características do que é o desenvolvimento humano. Este, acima de
tudo, implica um movimento que não permite que o sujeito passe, em
seu processo de formação, duas vezes por um mesmo ponto. O que
qualifica, portanto, o homem é a potencialidade de modificar-se, de
impor mudanças a si próprio, de se mover no mundo.
Em
síntese, desenvolvimento é todo movimento que o ser executa durante
a vida no caminho de sua formação.
P9
Acontece
que todas as vezes que definimos como ocorre a formação humana ―
sem levar em conta as diferenças
entre os homens em questão ―,
acaba-se por traçar
uma via “única”, e todos aqueles que não seguem tal percurso
passam a correr o risco de serem tachados de anormais, doentes,
deficientes; considerados anti-sociais, marginais (ou seja, que estão
fora de um ‘centro’) ou portadores de comportamentos
não-adaptados. Construímos pela via do desenvolvimento ―
e a formação
humana ―
as bases das justificativas dos preconceitos. Assim,
torna-se importante compreender esse mecanismo para estejamos
precavidos.
10
Muito
mais do que uma tentativa de enquadre do aluno em determinadas etapas
do desenvolvimento, considero importante o professor ver esse aluno
como alguém único, o que impossibilita tamanha redução.
P11
Afirma
Vygotsky (2003,p.201) que “em geral, existe nos seres vivos uma
íntima relação de dependência entre os organismo de uma mesma
espécie”.
P12
Como
diz Heidegger (1979, p.149), “a linguagem é a casa do ser. Nesta
habitação do ser mora o homem”.
P16
Portanto,
pelo laço que se constitui com o outro, este passa a interferir na
vida do vivente de forma determinante, como causador de sensações
que são traduzidas como sentimentos (amor, ódio, tristeza, raiva,
carinho, pena, etc.) e que podem ser considerados uma das marcas
efetivas do Outro na vida do sujeito. Podemos dizer, portanto, que
não é possível permanecer imune à relação com o outro. Somos
todos afetados mutuamente pela presença do outro.
P16
Pela
existência do outro, somos colocados em ação em vez de permanecer
fechados ao mundo.
17
Para
alguns autores, o ser humano quando nasce não tem conhecimento do
mundo fora dele. Essa é a perspectiva que adotamos. Por isso,
indicamos que a socialização humana não é primária, mas sim
secundária, ou seja, acontece após uma determinada etapa de
desenvolvimento.
19
Se
em um primeiro momento a dependência é real – ou seja, se não
houver cuidados, a criança morre – vê-se a passagem para um
dependência simbólica. O outro é visto como detentor de todas as
resposta sobre a vida.
19
A
identificação. Neste, a criança toma como suporte o outro para ser
o modelo para suas ações.
19
A
identificação tem como missão principal a tentativa de eliminação
da diferença.
21
Podemos
dizer que alienar-se ao Outro é permanecer no lugar delimitado pelo
desejo deste. Em outras palavras, seguir à risca as suas decisões e
variantes.
21
Por
outro lado a separação implica uma nova posição que, sendo
marcada pela existência do Outro, não se propõe a priori seguir
seus caminhos: o sujeito não aceita a posição determinada e passa
a jogar com os instrumentos que possui para guiar a própria vida.
22
Piaget
(1999) afirma que o adolescente é aquele que consegue ver o mundo
além de sua aparente funcionalidade e tranqüilidade, pois passa a
ter condições de traçar novas possibilidades que independem da
existência concreta imediata.
25
Em
outras palavras, é pagar o preço pelas dúvidas: é se ver sem
resposta, é tomar à mão a incompletude. A
pequena flexão que pode ser vista leva a uma mudança de posição
diante da vida que podemos observar claramente naqueles que trazem
consigo a dúvida enquanto método. Se não temos resposta, então
cabe buscá-las. De outra forma, o fato de não saber implica a
possibilidade de aprender. É esse movimento que o professor precisa
realizar com o aluno.
27
Também
foi possível entender que o não-saber é fonte de angústia e que a
primeira saída nestas condições é tomar algo ou alguém como
referência e fazer aquilo que esta faz, ou, ainda mesmo, pedir para
ele a solução.
Com isso, se permanece inerte, na mesma posição anterior. A saída
disso tudo está no conceito de objeto causa de desejo.
28
O
efeito do outro não é sentido ‘fora’, mas sim internamente.
Segundo Piaget (1999), pode ser sentido pelo organismo como
desequilíbrio, e toda a construção de conhecimento deriva
exatamente de tal condição. A experiência de provocar com o
não-saber do sujeito é muito presente também nas práticas de
pesquisa. Existe uma inquietude que pode se expressar como um
querer-saber.
29
Concluímos,
então, que os autores estudados nos mostram como a emoção ocupa,
ao lado da razão, um papel fundamental no aprendizado do aluno. O
trabalho do professor, segundo ele, não deve se restringir em que os
alunos pensem, decorem ou mesmo reconstruam os conteúdos. É
necessário que eles possam experienciá-las, que sintam e se
emocionem: em suma, provoque a vivência do próprio conhecimento.
30
Isso
pode ser visto nas utilizações da psicologia na educação.
Tratamos daqueles que possuem dificuldades de aprendizagem ou
simplesmente não conseguem aprender; buscamos formas de incluir os
‘diferentes’ no sistema ou ofertar ao professor formas
específicas de motivar o aluno. Tudo isso se resume a trazer o aluno
àquilo que a escola tem a oferecer, e não o inverso. Falamos,
portanto, de novas modalidades de formatação.
32
Sob
um outro prisma, ‘recriar’ é a base do processo de construção
do conhecimento humano, ou seja, somente é possível saber algo a
partir da ação que se tem sobre o objeto a ser conhecido, e que
ambos, o conhecedor e o conhecido, passam por reformulações,
recriações. Dessa forma, observamos a instabilidade do conhecimento
ea as novas formas de saber que derivam de tal condição e o papel
da relação professor-aluno como ativa da construção de novos
saberes para a ciência psicológica. Tais elementos servem de base
para uma disucssão sobre como oprofessor materializa os
conhecimentos reconstruídos em sua própria vida e quais as
conseqüências éticas derivadas destas ações.
P33
Quando
falamos de desenvolvimento humano, estamos trabalhando sobre a idéia
de mudança a partir da relação com o outro. Este não existe para
a criança, mas passa por um processo de construção. É este
nascimento do Outro que possibilita o início do percurso de
desenvolvimento e reconhecer o homem como sujeito do conhecimento.
48
Segundo
Renato Jardim,
“A
educação é obra eminentemente social, obra realizada pela e para a
coletividade. (...) uma doutrina educativa implica uma doutrina
sociológica”
65
Para
Bock, Furtado e Teixeira (2002, p.21):
“ A
concepção de homem que o pesquisador traz consigo ‘contamina’
inevitavelmente a sua pesquisa em psicologia. Isso ocorre porque há
diferentes concepções de homem entre os cientistas (na medida em
que os estudos filosóficos e teológicos e mesmo doutrias políticas
acabem definindo o homem à sua maneira, e o cientista acaba
necessariamente se vinculando a uma destas crenças).”
66
Portanto,
há uma riqueza de valores sociais que permitem várias concepções
de homem. A psicologia enquanto ciência estuda os ‘diversos
homens’ concebidos pelo conjunto social. Nesse sentido, a
psicologia hoje se caracteriza por uma diversidade de objetos de
estudo.
66
No
que diz respeito ao objeto de estudo da psicologia, é a
subjetividade humana, e se caracteriza pelo mundo das idéias, dos
significados e das emoções, que são construídos internamente pelo
indivíduo por intermédio de suas relações sociais, de suas
vivências e de sua constituição biológica; é também fonte de
suas manifestações afetivas e comportamentais. É uma síntese que
identifica, que torna os indivíduos únicos de único lado, e iguais
de outro, na medida em que a sua constituição é vivenciada no
campo da objetividade social.
68
O
intuito da psicologia do desenvolvimento não é buscar apenas
fornecer subsídios para o entendimento clínico da criança com
distúrbio, mas sim fornecer também um conjunto de conhecimentos
teóricos, de pesquisas científicas que capacitem o profissional a
atuar nas famílias, nas escolas, nas instituições, na comunidade,
informando, educando, mostrando quais as condições necessárias
para um desenvolvimento saudável.
71
Conhecimento
este que possibilita ao homem um estado de equilíbrio interno que o
capacita a adaptar-se ao meio. Nesse sentido, a função do
desenvolvimento para Piaget consiste em produzir estruturas lógicas
que permitem ao indivíduo atuar sobre o mundo de formas cada vez
mais flexíveis e complexas, investigando quais os processos
cognitivos envolvidos. [daí verificar
a fala da professora em “a quem creia nisso”]
73
É
na troca com outros indivíduos e consigo próprio que vão se
internalizando conhecimentos, papéis e funções sociais, o que
permite a formação de conhecimento e da própria consciência, que
é mediada pela cultura. A linguagem é compreendida por Vygotsky
(1988) como a mediação entre o indivíduo e o objeto de
conhecimento. Ela transmite a cultura e forma as nossas funções
mentais superiores.
73
Esse
processo de internalização é fundamental para o desenvolvimento
psicológico. O indivíduo não tem acesso direto aos objetos que o
rodeiam, e esse processo acaba sendo sempre mediado pelo outro.
74
O
desenvolvimento humano é resultado das interações
dialética do homem e seu meio sócio-histórico cultural. Ao mesmo
tempo em que o ser humano transforma o seu meio para seguir suas
necessidades básicas, transforma-se a si mesmo. O próprio
comportamento é criado e modificado ao longo da história social da
civilização, e é um dos instrumentos que o ser humano utiliza para
dominar o seu ambiente. Esse processo acaba se fundindo com o
cultural.
80
O
caráter incompleto da matéria-prima biológica é real, enquanto a
ânsia de totalidade, a busca de complemento faz pulsar o registro
que chamamos imaginário. O complemento é simbólico, e ele é,
precisamente, entre aspas, um complemento, uma vez que o simbólico é
falho, inconsistente, e, portanto, em sintonia com certa filosofia,
devemos dizer que o complemento simbólico é de fato um suplemento
que repõe uma outra vez a incompletude real.
81
Nesse
sentido, o que faz do homem um homem não é a pertinência genérica
à espécie. A humanidade é instituída socialmente. Ela resulta de
marcas práticas discursivas sobre a indeterminação de base da cria
sapiens. Onde se dá a marcação por excelência é precisamente na
sujeição da carne a uma genealogia, responsável pelos três
princípios básicos ―
o de identidade, o de diferença e o de causalidade ―
que dotam a palavra de seu poder humano.
81
Por
outro lado, cabe observar que a subjetividade não é nem uma
substância nem uma estrutura dada para sempre. Ela é um conjunto de
operações ou, se preferirmos, na trilha de Wittgenstein, jogos de
linguagem instaurados na carne do sapiens por dispositivos sempre
societários. A simples presença desses dispositivos discursivos
obriga o candidato-a-sujeito a produzir uma série de operações,
que chamamos subjetivas. Essa produção dará, precisamente, ao
sujeito-efeito-ainda-por-vir a chance de outorgar sentido ao fato de
habitar o laço social.
83
Educar
é precisamente isso: é transmitir marcas simbólicas ―
inventar metáforas que possibilitem à cria sapiens usufruir de um
lugar no mundo a partir do qual possa se lançar às empresas
impossíveis do desejo. A intervenção educativa, à diferença do
adestramento, capaz de desenvolver um saber fazer natural,
possibilita o desdobramento de um saber viver artificial. A educação
não aperfeiçoa um ser infantil, retirando metodicamente uma lógica
já dada no organismo, mas inocula e alimenta os germes culturais,
alojados no campo Outro das línguas humanas, sem os quais não
haveria esperança alguma, ou seja, ela insere e sustenta as
legalidades próprias dos jogos de linguagem humanizantes.
85
A
humanidade não está em potência no organismo; ela está em germe
no campo da palavra e da linguagem. Por outro lado, a animalidade
também é impossível enquanto destino para o homem. Isso não
impede, porém, que seja a barbárie um destino possível, porém
funesto.
87
O
homem moderno entregou-se ao sonho de um mundo em que imperasse a
liberdade, a igualdade e a fraternidade. Essa figuração da utopia,
em particular, foi sonhada, disputada e reivindicada com insistência
por muitos e, assim, chegou a se perfilar como a própria invenção
do espaço democrático.
87
O
sonho moderno resumiu uma maneira nova de o homem interrogar-se sobre
o impossível que permeia sua relação com seus semelhantes ―
sobre a impossibilidade da relação do sujeito ao Outro. E foi por
isso que, à diferença de outrora, todos os assim considerados
antigos regimes foram, antes de mais nada, enterrados no parlatório
público e generalizado. [final
do filme mostra o fim da Grécia como poderio intelectual]
88/89
Fala
sobre a relação criança família e escola família, criança
escola.
89
Por
outro lado, a escola também implica tanto uma diferenciação máxima
adulto/criança quanto, paradoxalmente, em sua negação. Em suma, a
escola desponta como um lugar outro que aquele familiar, ela é o
cenário no qual as crianças ―
agora alunos ―
são interpeladas a responder como se fossem os adultos que ainda não
são. [ou
seja, já há de imediato um desconpasso emtre a vida da criança e a
realidade escolar que fosse à regra natural da vida e mais gera em
sim os estigmas da diferenciação e portanto, da discriminação e
ainda mais quando desperta nos alunos o olhar perspicaz da
investigação e da curiosidade dessa forma adotar um diferente
dentro da escola considerada regular é despertar de imediato o
interesse para esse diferente que sempre será em menor número que
os outros, portanto, gera em si a curiosidade.]
89
Dessa
forma, essa confusão atual dos cenários retira da demanda escolar
seu espírito de ‘fazer de conta’ agora, a criança é obrigada a
entregar suas infantilidades a um leque de profissionais psi que tudo
vêem, tudo sabem. As crianças, sem mais direito de serem, por
exemplo, preguiçosas na escola ou tímidas só em público, agora
são independentemente do lugar, das más ou boas companhias, do
horário, sempre uma mesma coisa: imaturas, hipercinéticas,
deficientes, etc.
90
Na
escola tradicional, as crianças, interpeladas no lugar de alunos, e
não de crianças, eximiam-se de dar sua opinião, bem como exiladas
do sexo e da política, aprendiam, no entanto, a usar e a dar a
palavra e, dessa forma, acabavam sendo tomadas no ser pela disciplina
própria das palavras que nos sujeita à palavra que faz ato.
91
Hoje,
os adultos confundem a criança com seu semelhante. A criança é
vista como se fosse um outro adulto na polis, a respeito do qual o
adulto deveria engajar-se eticamente num diálogo sempre renovado, em
torno daquilo que a ambos escapa de forma estranha e inquietante.
Dessa
forma, perdida a diferença movida a desejo entre o adulto e a
criança, ambos passam a se confrontar, cada um esgrimindo
justificativas, umas mais explicáveis que as outras, at´pe que as
‘ciências do comportamento’ façam ponto de basta racional.
Assim, a criança perde toda referência simbólica que a ajude em
sua travessia de pequeno Ulisses de um lado ao outro no campo da
palavra e da linguagem.
91
Não
estou propondo um retorn a velhas formas escolares, pois o tempo
passado não pode ser reexperimentado. [quando
o velho pescador diz que não se volta ao passado é verdade].
Só pretendo alertar para o fato de que aquilo que hoje
diagnosticamos como crise escolara está atrelado ao descompasso do
cotidiano escolar atual a respeito da ética e do desejo, da lei da
castração.
92
As
ilusões (psico)pedagógicas (De Lajonquière, 1999) mascaram a perda
da infância que, em suma, carrega consigo o sonho de o homem vir a
inventar um mundo mais justo na polis. A infância
(psico)pedagogizada ―
seja aquela de ricos ou de pobres ―
é uma pseudo-infância esvaziada de desejo.
94
Certamente,
o desapareciemnto da infância que soubemos inventar dará lugar a
uma outra cosa diferente que talvez continuemos, ou não, a chamar da
mesma maneira. Isso não deveria ser objeto de nossa preocupação.
No entanto, o que deve nos preocupar é que o esgotamento instituinte
da infância é o sintoma de um mundo que não quer saber mais da
exigência devida de se tentar o impossível de um sonho, que não
quer mais inventariar uma e outra vez o passado, que não quer mais
fazer memória para não ter de se confrontar com aquilo que também
somos.
109
Ali,
onde o saber está no lugar da verdade, não há adultos nem
crianças, loucos ou sãos. No discurso da psicanálise, o lugar do
outro é ocupado pelo sujeito, seja qual for sua estrutura ou sua
idade, para falar da dor de sua existência e para, quem sabe, mudar
seu destino (PETRI, 2003, p.50)
114
Em
primeiro lugar, coloco como primeira tese a ser desenvolvida,
pressupõe-se que toda e qualquer leitura é obrigatoriamente uma
leitura do outro. Em outras palavras, dizer que o homem, ao se
deparar com qualquer forma de escrita, de som, imagem, em suma, de
qualquer tipo de elemento do mundo, entra em contato com um mundo
alheio a si ―
até aquele momento ―
para adentrar em uma nova forma de visão e, consequentemente, uma
nova realidade que imperativamente necessita de compreensão.
115
O
que imprta não é o mundo exatamente como ele é, mas sim a
concepção que se tem de mundo, sua representação. Definimos
comumente que uma representação é uma cosntrução que funciona
como uma imagem mental do mundo, não podendo ser necessariamente
idêntica a este.
119
O
que gostaria que ficasse claro é a possibilidade que o homem tem de
reler a si mesmo, e isso somente torna-se viável pela constituição
―
ou fundação ―
do signo, o que ocorre ainda na infância. Esse processo somente se
torna possível pela aquisição da fala ―
na relação com o Outro ―
que é a transmissão racional e intencional da experiência
necessária a partir do trabalho. O processo de comunicação requer
a construção de significado, sendo essa a condição para a
comunicação.
121
‘Escola’,
por sua vez, é uma instituição responsável pela socialização
deses saberes constituídos pela humanidade, tendo a tarefa de
propiciar a cada um o acesso ao saber elaborado e as formas com que
se atingiu esse saber. Na modernidade, a escola se tornou a
representante da transmissão da ciência, dos seus valores e de sua
metodologia. Assim, passou a organizar os conhecimentos de acordo
com o veredicto científico, definindo o que deveria ou não ser
eliminado.
121
“[...]
para existir a escola não basta a existência do saber
sistematizado. É necessário viabilizar as condições de sua
transmissão e assimilação. Isso implica dosá-lo e seqüenciá-lo
de modo que a criança passe gradativamente do seu não-domínio ao
seu domínio. Ora, o saber dosado e seqüenciado para efeitos de sua
transmissão-assimilação no espaço escolar, ao longo de um tempo
determinado, é o que nós convencionamos chamar de ‘saber
escolar’. (SAVIANI, 1991, p.18).
122
A
apropriação surge na relação homem-natureza, pela incorporação
desta à prática social humana. De forma complementar, o ser humano
produz a realidade objetiva ―
na objetivação de si mesmo ―,
que passa a ter características humanas, possibilitando o acúmulo
do produto de seus atos para as gerações.
125
Assim,
toda leitura possível a ser realizada é marcada pela realidade de
cada um, dentro dos conhecimentos tanto da humanidade, como de si
mesmo em um íntima intersecção entre a história pessoal e a
história do homem.
126
O
inverso disso, conforme indica Gonçalves (1994, p.92),
[...]abre
o homem para a compreensão do outro como uma entidade que existe por
si mesma e na qual se reflete, sem, contudo, com ela confundir-se. Ao
captar o outro em sua verdade, a verdade do eu se revela, este se
compreende e se aceita. A relação eu-tu atinge sua plenitude no
sentimento do amor, que envolve a pessoa como uma totalidade
corpóreo-espiritual. O ato de amor que se estende à humanidade com
um todo significa a inserção do homem em um projeto que transcende
as relações interpessoais: a humanização do próprio homem.
127
Para
surgir a individualidade é necessário passar por um momento de
homogeneização que está vinculado ao estar ‘colado ao outro’.
Viver esse coletivo, para em seguida, diferenciar-se e, assim agir
‘de fora’, enquanto agente que analisa as circunstâncias
externas/internas, sem perder a noção de que também se está
dentro, como participante do processo.
128
Ou
seja, reconhecer a diferença entre os homens é primeiramente se
reconhecer enquanto humano para em seguida verificar que ao existe
uma igualdade expressa nessa primeira experiência, mas sim a marca
da própria diferença. Essa mudança de posicionamento implica na
construção de uma ética que indica o tipo de relação
estabelecida.
132
O
artigo chega à conclusão de que existe espaço tanto para o
reconhecimento do diferente ―
do outro ―
como também para a manutenção do campo do outro com desconhecido
pela existência do indizível no ser humano.
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