quarta-feira, 16 de abril de 2014

ALGUNS GÊNEROS LITERÁRIOS - farsa


AUTO DA ÍNDIA1

A farsa é um tipo de texto teatral que mistura comédia e crítica social. Os seus personagens possuem comportamentos exageradamente desviantes.
A farsa Auto da Índia, foi fundada sobre uma mulher, que seu marido estando embarcado para a Índia, lhe vieram dizer que estava impedido e que já não ia, e ela de pesar está chorando e fala-lhe a sua criada. Foi feita em Almanda, representado à muito religiosa católica Rainha Dona Lionor. Era de 1509 anos.
No trecho que se segue aparecem duas personagens: Ama (Constança), Moça (criada).

Moça:
Jesu! Jesu! Que é ora isso?
É por que se parte a amada?
Ama:
Olhade a mal estreada!
Eu hei-de chora por isso?
Moça:
Por minh’alma, que supus
E que sempre imaginei
Que choráveis por noss’amo

Ama:
Por qual demo ou por qual gamo
Ali má hora chorarei?
Como me leixa saudosa!
Toda eu fico amargurada!
Moça:
Pois por que estais anojada?
Dizei-me, por vida vossa!
Ama:
Leixa-me ora, eramá
Que dizem que não vai já.

Moça:
Quem diz esse desconcerto?
Ama:
Disseram-m’o por mui certo
Que é certo que fica cá.

O Concelos me faz isto.
S’eles já estão em Restelo,
Como pode vir a pêlo?
Moça:
Melhor vejo eu Jesu Cristo,
Isso é quem porcos há menos.
Ama:
Certo é que bem pequenos
São meus desejos que fique.
Moça:
A amada esta muito a pique
Ama:
Arreceio al de menos

Andei na má hora e nela,
A amassar e biscoutar,
Pera o demo o levar
À sua negra canela
E agora dizem que não.
Agosta-se-m’o coração
Que quero sair de mim.
Moça:
Eu irei saber s’ é assim
Ama:
Hajas a minha benção.



1 Auto da Índia é uma peça de teatro escrita por Gil Vicente.

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