terça-feira, 15 de abril de 2014

psicologia da educação


FIORAVANTE-TRISTÃO, Daniele Pedrosa. Psicologia da educação II. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2010.
Lido em 2011.
Livro emprestado por aluna da Unopar – curso de pedagogia




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Dessa forma, apenas no século XIX e início do século XX é que se observa uma preocupação mais ampla e sistemática em relação ao estudo da criança e à necessidade de educação formal, apesar de a disciplina ser ainda exercida de forma violenta, por meio de agressões e castigos, atitude que só começou a se modificar a partir dessa análise científica iniciada efetivamente nesse século.

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Embora tenha uma predominância no pensamento pedagógico, a Psicologia se vê hoje ameaçada pela Medicina: não tendo podido dar conta do fracasso escolar e contribuir efetivamente para a melhoria da performance escolar das crianças, a Psicologia perde sua hegemonia e educadores se voltam cada vez mais para a Medicina para a solução dos problemas de aprendizagem.

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Assim, Moser (2002) lembra que a aprendizagem processa-se em três fases:
a) fase de identificação: na qual se começa a perceber um determinado objeto de conhecimento, no intuito de aprendê-lo.
b) fase de significação: que corresponde à busca por atribuição de algum significado a esse objeto, de acordo com o interesse que se tem por ele.
c) fase de aplicação: na qual todos os conhecimentos aprendidos são empregados na vida do sujeito de acordo com suas necessidades e propósitos.

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Assim, o que se deveria buscar realmente, em termos de aprendizagem, seria a interpenetração entre o saber e o conhecimento, de modo que o produto da aprendizagem seja sistematizado e transformador, constituindo aquilo que chamamos de práxis: “a práxis pode ser definida como a contínua conversão do conhecimento em ação transformadora e da ação transformadora em conhecimento” (GROSSI, 1990, p. 47)
É nesse sentido que as teorias da aprendizagem buscam colaborar, auxiliando os educadores na compreensão do modo como as pessoas aprendem e das condições necessárias para a sua concretização, bem como acerca do próprio papel do professor nesse processo. Dessa forma, torna-se possível entender um pouco mais as causas das dificuldades de aprendizagem reveladas pelos alunos, por meio da identificação dos fatores que contribuem para esse problema.

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Além disso, um melhor entendimento acerca das teorias da aprendizagem pode contribuir para uma formação mais adequada de todos que participam do sistema educacional. Essas teorias são importantes porque possibilitam ao professor adquirir conhecimentos, atitudes e habilidades que lhe permitirão alcançar os objetivos do ensino com seus aluno.


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Já faz muitos anos que Wallon salientou que o psiquismo humano é uma conseqüência do entrecruzamento entre o que ele metaforicamente chamava de dois “inconscientes”: o inconsciente biológico e o inconsciente social (WALLON, 1931).

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Concluindo, parece claro que o processo de crescimento é muito organizado, com uma evolução prescrita pelos genes, controlada pelo cérebro e pelos hormônios e aberta às influências do ambiente. Essa abertura, no entanto, não ilimitada, mas ocorre dentro de determinadas margens preestabelecidas pela herança particular que cada indivíduo recebe de seus pais.

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De acordo James, deveríamos aprender a lidar com o mundo dessa forma, uma vez que não existem verdades absolutas e as teorias científicas são apenas aproximações da verdade, sendo mais ou menos verdadeiras quanto mais satisfatórias forem ao nos instrumentalizar para lidar com o mundo a nossa volta.

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A vida humana seria impossível sem aprendizagem. Ela está presente em praticamente tudo o que fazemos. Você não seria capaz de se comunicar com outras pessoas, reconhecer-se como um ser humano e até mesmo saber quais as circunstâncias adequadas para comer caso você não fosse capaz de aprender nada. Neste capítulo, falaremos sobre vários tipos de aprendizagem. Um deles diz respeito a aprender a associar um evento a outro.

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Thorndike resumiu as influências das conseqüências em sua lei do efeito: é provável que o comportamento que produz um efeito satisfatório (reforço) seja realizado novamente, ao passo que o comportamento que conduz um efeito negativo (punição) provavelmente será eliminado. Os psicólogos contemporâneos geralmente se referem a essa lei como o princípio do reforçamento.

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O treinamento por biofeedback é uma técnica de condicionamento operante, na qual são empregados instrumentos que fornecem aos pacientes informações a respeito da intensidade da resposta biológica sobre a qual eles desejam ter controle. Um aparelho de biofeedback registra informações sobre uma resposta biológica particular contrações musculares, pressão sanguínea, batimentos cardíacos, ondas cerebrais que em geral ocorre fora do alcance da nossa percepção consciente.

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Eles acreditam que oferecer certos tipos de reforçadores (doces, dinheiro, tempo livre) a princípio recompensadores para uma tarefa pode, de fato, minar a motivação de realizar tal tarefa. As pessoas podem começar a pensar que estão se esforçando apenas pelo prêmio e perder o entusiasmo pelo que estão fazendo. Elas podem deixar de ver o seu esforço como um desafio intrinsecamente interessante, no qual deveriam investir sua criatividade e seu empenho por excelência.


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Para que a punição seja eficaz deve ser imposta de modo apropriado. Primeiramente, deve ser rápida. Se demorar, não funciona tão bem. Mandar uma criança malcomportada imediatamente para o castigo (mesmo quando não é conveniente fazê-lo) é muito mais eficaz que esperar uma “hora melhor” para puni-la. A punição também deve ser suficiente, sem ser cruel. Se um pai repreende brevemente um filho por bater em outras crianças, o efeito disso provavelmente será menos pronunciado do que se a criança ficasse de castigo no quarto durante um dia inteiro. Ao mesmo tempo, a punição precisa ser consciente. Deve ser imposta para todos os caso de infração a uma regra, e não apenas para alguns. Se os pais permitirem que alguns atos agressivos fiquem impunes, é provável que seus filhos continuem a maltratar outras crianças.

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A punição severa pode encorajar a pessoa punida a reproduzir o mesmo comportamento severo e agressivo em relação a outras pessoas. Em estudos de laboratório, macacos severamente punidos tenderam a atacar outros macacos o mesmo aconteceu com pombos e assim por diante (B. Schwartz, 1989). Além disso, em geral a punição faz com que as pessoas fiquem nervosas e, consequentemente, mais agressivas e hostis.

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O comportamento operante, como o próprio nome diz, é o comportamento que opera no ambiente, direta ou indiretamente, e produz consequências em relação ao próprio ambiente.

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Assim, para Skinner, todos os comportamentos, sejam eles adaptativos ou desadaptativos, são aprendidos e mantidos de acordo com a contingências ambientais em vigor (STURMEY, 1996). Conforme visto, quando se fala em comportamento, para o autor, está se falando dentro de uma perspectiva funcional, e não topográfica, ou seja, não importa como se abriu a porta, se com o pé, ou com a mão ou com as duas mãos, importam as consequências desse comportamento, que seriam ter a porta aberta e a visita entrar em casa.

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Segundo Abib (1999), subjetividade é um conceito que substantiva uma reflexão quando o termo subjetivo é atribuído a algo. Portanto, refletir sobre a subjetividade corresponderia a pesquisar o que significa qualificar algo como subjetivo, uma vez que tal classificação poderia ser definida em termos de uma natureza mental ou privada. Nesse sentido, subjetividade se referia a “[...] eventos, estados, processos e disposições mentais ou privadas, que, por causa dessas qualidades, só podem ser de, ou pertencer a, ou estar em um sujeito” (ABIB, 1999, p. 55).

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Com relação a essas variáveis responsáveis pela ocorrência do comportamento verbal, muitas vezes, de modo encoberto, poderíamos destacar (GONGORA, 2003):
a) conveniência: porque se toda fala ocorresse de forma aberta tenderia a ser punido.
b) interesse e confidencialidade: porque grande parte dos temas das falas encobertas só diz respeito à própria pessoa.
c) audiência: porque cada indivíduo constitui a melhor audiência para si mesmo. Um falante pode, ainda, encobrir sua fala por encontrar situação de isolamento social ou porque ela tenderia a ser punida por sua comunidade verbal.
d) comportamento irrelevante: porque essa fala, não sendo comportamento produtivo, é de pouco interesse até mesmo para o falante.
e) rapidez: porque falar encobertamente é mais rápido e produz mais imediatamente a autoestimulação.
f) esquiva da punição: porque, quando estão em vigor contingências punitivas, o comportamento se recolhe a nível encoberto, já é possível errar sem ter de assumir as consequências.

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Verifica-se, então, que Skinner (1974), ao restaurar a introspecção, o faz por razões de ordem epistemológica, e não por compartilhar uma tendência histórica de construção da psicologia como uma ciência da vida mental. Para o autor, os conteúdos introspectivamente observados corresponderiam não a elementos de um mundo imaterial, mas ao próprio ‘corpo do observador se comportando’, ou seja, aos estados corporais e aos comportamentos encobertos já discutidos, para os quais somente uma pesquisa fisiológica não poderia culminar com explicações satisfatórias (SKINNER, 1974; GONGORA, 2002).


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Isso, porem, dentro de uma perspectiva molecular, pois, de acordo com parâmetros molares, tanto esses comportamentos quanto os próprios eventos privados seriam explicados remetendo-se a contingencias ambientais, já que é nesse domínio que se encontram as variáveis responsáveis pelos processos de variação e seleção. Além de ser nesse contesto que as coisas mais importantes de nossa vida acontecem (GONGORA; ABIB, 2001), tal concepção permite, ainda, a previsão e o controle do comportamento.


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O acesso ao conhecimento já produzido por uma cultura permite ao individuo ampliar suas possibilidades de expandir seus domínios e, por conseqüência, a própria cultura (VILLANI,2002). É desta perspectiva que se deve entender o propósito da educação: transmitir conhecimento acumulado pelas gerações e ensinar aptidões e práticas sociais adaptativas.

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A educação envolve o planejamento de condições adequadas à aprendizagem. Segundo Skinner (1998), a escola seria uma das agências de controle responsáveis por ensinar, juntamente com a família, a planejar a vida de modo a facilitar a aquisição de comportamentos vantajosos para o indivíduo e para seu grupo em algum momento futuro. Nesse processo, a escola cria situações específicas de tornar mais provável a emissão de alguns comportamentos de seus alunos.

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A escola é uma fonte de conhecimento e tem como função treinar habilidades específicas de seus alunos. Nela, as crianças podem aprender habilidades que lhe serão úteis no futuro, mesmo que ainda não estejam vivendo essa realidade. O aprendizado dessas habilidades se dá basicamente por meio de instruções em que passos graduais são programados com base em comportamentos que a criança já apresenta, ou seja, ele já tem em seu repertório (VILLANI, 2002).

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Assim, a punição positiva, anteriormente representada pela palmatória, hoje se faz presente por meio das advertências e repreensões verbais dos professores e seus alunos. Em outras palavras: se um aluno apresenta um comportamento considerado inadequado pelo professor, ele recebe como conseqüência um estímulo aversivo como bronca ou desaprovação do professor.

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Outra forma de punição empregada para evitar a ocorrência de respostas incompatíveis com o estudar é a punição negativa. Nesse caso, tenta-se evitar a indisciplina (ou outros comportamentos indesejáveis) mediante a retirada de algum benefício e/ou privilégio do aluno, como acontece nos castigos.


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Não se pode negar que o uso da punição é eficaz: o professor consegue fazer com que se aluno deixe de apresentar aquele comportamento indesejado. No entanto, é imprescindível lembrar que, ainda que seus resultados mais imediatos remetam à suspensão do comportamento-alvo, tais efeitos são temporários e ocorrem somente na presença do agente punitivo, ou seja, do professor que aplica a punição. Além disso, toda forma de controle, segundo Skinner (1998), pode levar a alguma reação de contracontrole, que é expressa pelos alunos mediante as tentativas de matar aula, ‘colar’ na prova e fazer piadinhas com a figura do professor, por exemplo. O uso da punição também gera efeitos colaterais como medo, raiva e comportamentos agressivos. Tais efeitos colaterais, na maioria das vezes, atrapalham o processo de ensino e aprendizagem, visto que, conforme mencionado, esses comportamentos, de certa forma, participam na determinação de comportamentos públicos como o estudar.

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O principal objetivo da educação deve ser o ensino da aprendizagem, garantindo, assim, o desenvolvimento da habilidade de criar habilidades. Dessa forma o aluno terá condições de administrar com sucesso não apenas as situações conhecidas, mas também as situações novas e inusitadas.

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Ou seja, desincumbido das tarefas de corrigir provas, preencher o livro de chamada ou de atribuir notas, o professor pode se ocupar com atividades mais importantes, como programar o material a ser introduzido nas máquinas de ensino e atender os alunos individualmente. Essas vantagens têm sido hoje reconhecidas por muitas instituições que, como a nossa, oferecem cursos de educação a distancia, sejam eles de nível médio, superior ou de pós-graduação.
E, se o professor adquire um novo papel, de acordo com a concepção skinneriana de educação, seria preciso investir em sua formação, para que ele passe a desempenhar adequadamente esse papel.

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Não se deve deixar que o professor aprenda a ensinar com base em sua experiência pessoal ou em experiências alheias. Segundo Skinner (1972), aprender errado ou aprender espontânea e naturalmente são maneiras limitadas e custosas de aprender, podendo até não levar a aprendizagem alguma.

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No entanto, se estão surgindo problemas no processo de aprendizagem do aluno, as condições oferecidas pelo professor e sua adequação às características do aprendiz precisam ser revistas. Assim, para que se possa se resolver o problema da educação, é preciso que se observe a relação professor-aluno, e não comportamentos isolados de cada um, verificando e manipulando tanto os antecedentes quanto as conseqüências de cada desses comportamentos com vistas à melhoria dessa interação.

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Para Skinner (1995, p. 125), as escolas: serão um lugar muito diferente de qualquer que tenhamos visto até o momento. Elas serão agradáveis. Da mesma forma que as lojas bem administras, restaurantes, teatros, elas serão bonitas, soarão bem, cheirarão bem. Os estudantes virão para a escola, não porque serão punidos por ficarem longe dela, mas porque serão atraídos pela escola. professores terão mais tempo para conversar com seus estudantes. A competição entre os alunos terminará e o estudante excelente não precisará mais fingir que não sabe de vez em quando para poder continuar a ser aceito em seu grupo. Professores do futuro funcionarão mais como conselheiros, provavelmente ficando em contato com seus alunos por mais de um ano e conhecendo-os melhor.

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Piaget (1989), por sua vez, preconiza a interação do sujeito com o ambiente, postulando que agindo sobre o meio que o sujeito epistêmico, ou o sujeito do conhecimento, é capaz de adquirir conhecimento. Contudo o autor afirma, ainda, que aquilo que o sujeito é capaz de aprender por suas ações no meio ambiente depende do nível de suas estruturas cognitivas, ou seja, que ele só será capaz de aprender, dessa interação os elementos sobre os quais conseguir refletir cognitivamente.

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Assim, a aprendizagem seria justamente a modificação duradoura (equilibrada) do comportamento, em função das aquisições adquiridas por meio da experiência no meio ambiente. Essa estabilidade, no entanto, é eventual, pois, uma vez satisfeita uma necessidade ou uma dúvida, novas necessidades ou dúvidas acabam por surgir, levando novamente ao desequilíbrio e a todo esse movimento para restauração do equilíbrio. Poderíamos, então, definir todo esse processo de equilibração como um sistema de compensações prováveis das perturbações exteriores por meio das atividades do sujeito (PIAGET, 1989).

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Na verdade, em linhas gerais, poderíamos dizer que sempre precisamos assimilar um objeto é também necessário acomodar nossos esquemas para receber as novas informações. Entretanto, após essa acomodação se faria necessário o processo complementar de assimilação, ou seja, não existe acomodação sem assimilação, nem assimilação sem acomodação, já que toda experiência é assimilada a uma estrutura de ideias já existentes (esquemas), podendo provocar uma transformação nesses esquemas, isto é, gerar um processo de acomodação.





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